Colunistas

A desconstrução na e da política

Carla Rodrigues

17.09.14

Cerca de 50 anos após Jacques Derrida definir o conceito de "desconstrução", o termo foi vulgarizado nos discursos dos marqueteiros das campanhas presidenciais, que fingem ser possível traduzir a voz das ruas – pretensão desautorizada pelas ruas, que questionam a própria ideia de representação.

Sexo, religião e política

Bernardo Carvalho

10.09.14

Nos dias de hoje, a autoridade religiosa tomou a dianteira, com a disseminação dos fundamentalismos e a tentativa de impor seu valor aos descrentes. Os escritos do francês Georges Bataille (1897 - 1962), movidos pela transgressão, buscam um enfrentamento contra a religião, o conservadorismo e o beletrismo.

Sobre aquilo que não sabemos falar

Carla Rodrigues

03.09.14

Embora o noticiário esteja nos colocando diariamente diante do luto, seja com as mortes históricas, como a do candidato Eduardo Campos, ou com crimes bárbaros, a morte permanece no campo do indizível, mantendo sua ligação com o mistério, a incerteza, o medo e a angústia.

Rio-São Paulo

Bernardo Carvalho

27.08.14

Em uma ponte aérea Rio-São Paulo, um passageiro tenta ler, mas é bombardeado por propagandas vindas de todos os lados, de telas touch screen a recados do comandante. Nesta crônica tão atual, uma breve viagem de avião rapidamente se transforma num pesadelo movido a publicidade.

O sujeito da hashtag #sqn

Carla Rodrigues

20.08.14

A partir de Lacan, pode-se refletir sobre o estatuto contemporâneo da linguagem e as “engrenagens das leis do bláblá”. O fenômeno das hashtags, instrumentos de indexação, podem formar um sujeito sem linguagem, ou uma linguagem sem sujeito, mera repetição de um blábláblá infinito.

Romance de desformação

Carla Rodrigues

06.08.14

O que amar quer dizer, primeiro romance do francês Mathieu Lindon a ser publicado no Brasil, narra a amizade do autor com o filósofo Michel Foucault em um relato pautado por uma série de transgressões. Na opinião de Carla Rodrigues, Lindon joga com a forma do romance de formação para refletir sobre uma mudança de paradigma no mundo: antes e depois do maio de 68.

Dramaturgia do invisível

Bernardo Carvalho

30.07.14

Como Kafka, Kleist foi incompreendido por seus contemporâneos. Hoje considerada sua obra-prima, O Príncipe de Homburgo só foi publicada e encenada dez anos depois do suicídio do autor. Escolhida para abrir o Festival de Avignon, a peça de 1810 é estranhamente pertinente numa época em que a ideologia nacionalista volta para mostrar a pior de suas caras.

A morte e a morte de Tintim

Carla Rodrigues

22.07.14

Eu não quero mais PMs nas ruas, quero o fim da PM tal como ela está concebida, porque estou convencida de que o absurdo do assassinato da Tintim é resultado da combinação entre corrupção, arbitrariedade, incompetência e violência desta polícia. Há anos e anos a PM fluminense justifica sua inoperância com a expressão “banda podre”, dicotomia em relação a uma suposta “banda boa”. Falta reconhecer que os dois lados da instituição são inseparáveis, um existindo para justificar o outro.

A violência reduzida a espasmo

Bernardo Carvalho

16.07.14

No espetáculo Archive, Arkadi Zaides reproduz com o corpo imagens de israelenses e palestinos exibidas numa tela. A coreografia convulsiva testa os limites do espectador. Ele já não pode assistir ao gesto violento com a impunidade da distância. Já não pode se compungir por meio da boa consciência politicamente correta. No mesmo dia do espetáculo em Avignon, o escritor israelense David Grossman escreveu: “A direita não venceu apenas a esquerda, ela venceu Israel”.

O espólio de cada um

Carla Rodrigues

10.07.14

As cidades-sede da Copa se tornaram globais e subsumidas às regras do capital. O quadro é particularmente dramático no Rio de Janeiro, de onde sai a Fifa mas permanece o COI, e com ele uma política municipal na qual é impossível encontrar os traços de um plano de governo que não seja um projeto olímpico para 2016. A sensação cada vez mais presente aos moradores é a de que o Rio global é uma cidade estranha ao seu morador.