Correspondência

Eu me sinto em casa aí

André Conti

22.03.11

As chagas da aviação brasileira são outras, claro, mas para mim o pior de ir ao sul é o risco de turbulência de ar claro, muito comum do Rio Grande pra baixo. É aquela turbulência que o piloto não consegue antecipar, e que promove uma perda rápida de altitude, o que por sua vez gera desconforto, pavor e morte (se a pessoa está sem cinto e bate a cabeça no teto).

Fernanda merece desculpas

Daniel Galera

18.03.11

Certa noite, depois de algumas horas de jogo, saí para pegar uma Coca Light na cozinha e a Fernanda Lima estava na sala. Era amiga da minha companheirinha na época (o diminutivo não pretende diminuir, a gente se chamava assim durante um período, eu era naturalmente o companheirinho, enfim, essas coisas não se explicam). Dei um Oi, sentei para praticar o chamado convívio social lhano e urbano, mas em minutos pedi licença e me tranquei no escritório de novo. Beyond Good and Evil não podia esperar. Talvez eu deva desculpas à Fernanda, foi meio falta de educação.

Emergências quelônicas

André Conti

16.03.11

O Ulysses é um livro sobre você. Sobre mim. É um livro que fala intimamente de nossos amigos e de nossas famílias. O dia do sr. Bloom é a vida de cada um de nós, e tudo acontece: pessoas morrem, se apaixonam, traem, fazem pequenas e grandes contravenções.

Lost in translation

Daniel Galera

11.03.11

Talvez essa cena tenha me influenciado na decisão de traduzir o Suttree do Cormac McCarthy no período que morei em Garopaba. Eu tinha lido o livro meses antes em São Paulo e ele tinha basicamente terraplanado a minha vida.

Abba! Adonai!

André Conti

10.03.11

A tradução do Ulysses está andando bem. Ele e o Paulo Henriques já fecharam mais de dez capítulos. Agora vou ler, dar pitacos e devolver. Eles decidem o texto final, claro, todavia pretendo bater o pé em diversas questões impertinentes. Mas sério, estou ansioso pra cacete, e o livro sai só em janeiro, vai ser dureza. Você acompanhou o caminho todo que a tradução fez até a gente fechar, uma sequência de coincidências e sortes, e fiquei feliz da vida que tenha dado certo. O Galindo passou anos trabalhando nisso, entre todas as revisões, e há muito tempo que falamos dessa edição. Misto de alívio e pânico agora que começamos de fato.

Mad Max, Duro de Matar e outros filmaços

Daniel Galera

04.03.11

Não se fazem mais filmes de ação como antigamente, hein. Acho que a última coisa válida mesmo foi a trilogia do Senhor dos Anéis, e Matrix, claro, cujas enxurradas de clones formam, junto com os filmes de super-heróis de quadrinhos, os três braços do grande rio dos filmes de ação medíocres e sem alma da última década.

Pingue-pongue predial

André Conti

01.03.11

O grande barato do ving tsun está na economia de movimentos. Tudo precisa ser realizado no menor espaço possível, ocupando as brechas entre você e o oponente de maneira rápida e eficaz. A expressão máxima disso é o Soco de Uma Polegada do Bruce Lee, um "golpe de marketing" para encher academia, mas que não deixa de ser impressionante.

Minúsculas imitações da morte

Daniel Galera

25.02.11

Desde a adolescência, minha relação com exercícios é de certa forma análoga à minha relação com os livros ou com o intelecto em geral: há um aprendizado infinito no enfrentamento de cada um desses mundos e, embora sejam diferentes a ponto de parecerem contraditórios para muita gente, eles são na verdade manifestações complementares, e igualmente importantes, do nosso organismo. Nunca achei que a mente - ou a alma - habitasse o corpo. Mente e corpo são a mesma coisa, e a sensação de que uma habita o outro é apenas uma piada não-intencional da consciência.

Nonada

André Conti

23.02.11

Mas eu gosto de nadar, sim. O que não suporto é o exercício por obrigação, a fadiga, superar limites, essas porras. Acho uma grande papagaiada, mas tudo bem. Entendo, admiro e respeito quem curte, de verdade, mas o esporte profissional é um mistério pra mim. Não consigo imaginar que alguém passe a vida acordando cedo e sofrendo o dia todo para chegar antes que outra pessoa numa corrida, ou marcar mais "cestas", ou sei lá o quê. Todavia, imagino que esportistas devem sacanear quem joga boxe no videogame, então estamos quites.

O mundo que se adapte

Daniel Galera

18.02.11

Como estou meio duro e cheio de trabalho, achei que não conseguiria pisar na praia esse verão, mas minha amigona Gaby me convidou pra passar uns dias com ela e a família numa casa que alugaram aqui na Pinheira e ontem fui obrigado e levantar da frente do computador balbuciando "o mundo que se adapte", enfiar umas roupas na mochila e partir.