Coloque os fones de ouvido e comece a dançar. David Bowie is, exposição que está em cartaz no Victoria and Albert Museum, em Londres, é uma festa. Ao comprar o ingresso, imagine que está indo para uma celebração. Uma verdadeira comemoração da obra deste artista que é um ícone da música, da moda e da arte. É a primeira retrospectiva internacional da carreira de Bowie. Não é à toa que há filas e mais filas e que os ingressos já estão quase esgotados. A exposição fica em cartaz em Londres até 11 de agosto deste ano, e em 2014 será levada ao Brasil pelo Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS/SP).
Mas como é uma festa, vamos nos divertir. Só não se anime muito, porque não se pode entrar com bebidas nem tirar fotos. O resto está ali. O começo da carreira, as músicas, as letras, os objetos, as fotos e as roupas. É como entrar no mundo do artista. Conforme você vai passando pelas salas, as músicas entram automaticamente nos fones de ouvido. Sim, não era modo de dizer, eles realmente distribuem fones de uso obrigatório. E é aí que você olha para o lado e começa a ver pessoas dançando, batendo o pé e cantarolando as músicas. E é aí que você relembra diversas canções e pensa em como Bowie faz parte da sua vida e embalou tantas festinhas na sua adolescência. E é aí que você vê que ele faz parte da história de todos desde que compôs Space oddity sobre a imagem azul da Terra.
Os curadores da exposição, Victoria Broackes e Geoffrey Marsh, selecionaram mais de 300 objetos, reunidos pela primeira vez. Para os fãs, é como entrar na casa do Bowie. Ou melhor, no closet. Tem o figurino do Ziggy Stardust desenhado por Freddie Burretti e a jaqueta com a bandeira britânica criada por Alexander McQueen para a capa do álbum Earthling, entre tantos outros. Muitos mesmo. Vendo tantos figurinos ao longo das salas, fica nítido o quanto Bowie é um artista obcecado com a imagem, que se expressa tanto através das letras quanto do visual. Outra coisa que se evidencia é a influência de sua obra no mundo e em outros artistas, sempre quebrando barreiras. Devemos muito a Bowie.
Telões enormes levam os visitantes para a primeira fila de um show. Vídeos de entrevistas com Bowie os transformam em espectadores VIP. É possível tocar em vários discos, descobrir mais e mais coisas sobre o artista e ser surpreendido com o bonequinho de duas cabeças que aparece no vídeo de “Where are we now”, lançado este ano. Podemos assistir a trechos de filmes dos quais ele participou, ver como ele escreve as canções, quem são seus amigos e as parcerias firmadas ao longo de cinquenta anos de carreira. Vemos o artista, ouvimos as músicas, conhecemos fotos suas quando criança. Enfim, é como um encontro com David Bowie. Do jeito que ele é.
Mais eu não falo. Agende-se para fevereiro de 2014 no Brasil, ou compre hoje a sua passagem para Londres. E faça-me um favor: coloque um disco do Bowie e vá dançar.
* Leticia Nascimento é jornalista e mora em Londres.