Regina Braga, uma voz para Silvia Molloy

Literatura

01.08.13

A revista serrote promove às 16h de sábado, 3 de agosto, em São Paulo, um encontro com a escritora e ensaísta argentina Sylvia Molloy. Mediado por Hector Babenco, o evento contará também com as atrizes Regina Braga e Isabel Teixeira, que encenam Desarticulações.

Regina Braga

Regina Braga

Quando li Sylvia Molloy pela primeira vez, ouvi imediatamente Regina Braga. Em livre associação, a liga entre as duas foi Elizabeth Bishop, cuja poesia estava no centro de Um porto para Elizabeth Bishop,  magistral monólogo de Marta Góes que Regina encenou nos últimos anos.

Vi nas duas, Sylvia e Elizabeth, a busca da palavra justa para dizer os sentimentos mais agudos, emoção meditada que livra a memória da frieza e do dramalhão para fazê-la pulsar. E, em Regina, a voz e o tom privilegiados dessa densa forma de descrever a si mesmo e ao mundo.

Publicado no número 9 da serrote, Desarticulações é uma grande forma do “ensaio pessoal”, gênero mais comum no mundo anglo-saxão. Trata-se de um tipo de texto que faz da experiência de vida a matéria-prima de um relato e também de reflexão, reafirmando o princípio básico de que o universal só pode mesmo nascer do particular.

Sylvia Molloy

Sylvia Molloy

Convidei Regina para ler o ensaio de Sylvia Molloy no lançamento da revista no Rio de Janeiro. Sitiados na casa do Instituto Moreira Salles por mais uma ocupação de favelas cariocas, ficamos esperando que o público atravessasse barreiras policiais para começar a leitura. Finalmente, fomos poucos e privilegiados que assistimos – muitos às lágrimas – ao monólogo de S., que tem que se desconstruir radicalmente para se aproximar ao máximo da ex-parceira, encerrada na solidão do Alzheimer.

É para mim uma honra e um privilégio ter apresentado, naquele novembro de 2011, essas duas mulheres extraordinárias, que se encontram pessoalmente no próximo sábado. E ter certeza de que a partir de agora, com a estreia de Desarticulações, muito, mas muito mais gente poderá perceber porque, ao se ler Sylvia Molloy, só se poderia mesmo ouvir Regina Braga.

* Paulo Roberto Pires é editor da revista serrote.

, , ,