Desdesenhando o Rio
Karina Kuschnir
05.06.18
A antropóloga Karina Kuschnir apresenta os Urban Sketchers, gigantesca rede mundial formada por pessoas que amam desenhar as cidades. Apesar da paixão pela arte, ela conta que não conseguiu se transformar numa urban sketcher carioca. “O Rio não merece os desenhos que gera”.
Políticas do grafite
Leonardo Villa-Forte
30.01.17
O grafite – antes de qualquer debate sobre ser ou não arte – é uma ação política, e não só pelo que pode dizer ou representar, mas por sua própria natureza: uma inscrição sobre um local não previamente designado para tal. A imprevisibilidade é, antes de tudo, um índice de humanidade. Uma cidade totalmente previsível, onde nada escapa, nada sai do lugar, não é uma cidade limpa, mas uma cidade triste.
Choques que geram beleza
Fausto Fawcett
27.08.13
"Somos ensaios mamíferos rumo a não se sabe o quê, movidos por surtos eróticos comunitários e rapinantes e uma vontade insaciável de recriar a natureza", diz Fausto Fawcett em sua última carta a Cristina Lasaitis. "Estamos chafurdando em proliferações, promiscuidades, poluições, purificações, pornografias, uma espécie de cinema exploitation de tudo, caixa de pandora sendo aberta em cada esquina".
Uma versão desidratada da vida
Chico Mattoso
01.02.12
Essa do grumo de sangue foi demais. Vai direto pro caderninho. Aliás, que belas epígrafes têm teus livros. Não posso dizer o mesmo dos meus, infelizmente. Eles tiveram dezenas de potenciais epígrafes, algumas delas bem bonitas e importantes no processo de escrita, mas na hora da edição final sempre me dá um treco e eu corto tudo. É como se a epígrafe poluísse o livro ? ou, ao contrário, como se o livro tirasse a potência da epígrafe, cujo destino ideal seria ficar boiando no éter, alheia a tudo, emitindo sinais de alta frequência como um sonar ou um golfinho. Enfim. Quem sabe um dia.
John Marcher ao avesso
João Paulo Cuenca
13.01.12
E o que eu fiz com esses dez anos? O que fizemos? É tempo pra burro, é nada. Acho que eu sofro de uma espécie de johnmarcherismo às avessas, Chico. Se o protagonista do Henry James passa a vida ensimesmado à espera da fera, do mistério, e acaba sem fazer porra nenhuma - nem um trato na pobre da May Bartram -, acho que eu consegui não só descobrir, mas também criar as minhas feras nos últimos anos.