Antônio Xerxenesky

A performance em xeque

Antônio Xerxenesky

15.09.11

A performance do gênio concentrado e transtornado é análoga à imagem fetichizada que foi criada em cima da figura do escritor. Em quase qualquer filme de Hollywood que apresenta um escritor como personagem, vemos o sujeito concentradíssimo frente à máquina de escrever, digitando empolgado, ou no silêncio violento dos que sofrem com a página em branco. Tal representação não está apenas nos filmes. Muitos autores, em entrevistas e palestras, parecem confirmar esta imagem.

Meio de campo

Sérgio Sant'Anna

12.09.11

E o Gerson? O que dizer de seus passes longos, como aquele passe para Pelé matar a bola no peito, deixar cair e fulminar o goleiro da Tchecoslováquia no segundo gol do Brasil na Copa de 70? Poderia falar de tantos outros, até nos que só vi jogar quando criança, como Zizinho e Jair da Rosa Pinto. Enfim, os artistas da bola, hoje tão difíceis de se ver e vou incluir também um estrangeiro que me encantava, Zinedine Zidane. E confesso que sempre me orgulhei de ser amigo de um deles, meio-campista, Afonsinho, irretocável na sua categoria, nos seus passes e também no carregar a bola, e ainda como pessoa humana.

Vozes de Brasília – quatro perguntas a João Almino

Equipe IMS

24.08.11

Autor de cinco livros que tem a cidade de Brasília como pano de fundo das narrativas, o diplomata e escritor brasileiro radicado na Espanha João Almino foi anunciado no começo desta semana como vencedor do 7º Prêmio Zaffari & Bourbon de Literatura. Cidade livre, o livro premiado, tem como protagonista um jornalista e conflitos que se passam nos primeiros anos da cidade, retratando a vida dos operários envolvidos na construção da cidade.

Ainda os boleiros e outros tópicos

Sérgio Sant'Anna

22.08.11

Você, com certeza, sabe que o apelido de Heleno era Gilda, por causa da personagem do cinema interpretada por Rita Hayworth, bela, boêmia e temperamental, assim como foi Heleno, só que no masculino. Chegou aos meus ouvidos que uma vez o Heleno, jogando pelo Botafogo contra o Fluminense, em Laranjeiras, depois de ouvir em coro a torcida tricolor gritando "Gilda, Gilda", fez um gesto obsceno para a social do Fluminense. A polícia teve de fazer o possível e o impossível para evitar uma invasão de campo, coisa aliás comum naquela época.

Forma breve – quatro perguntas a Ricardo Piglia

Equipe IMS

17.08.11

"Como lê quem escreve ficção?" Esse é o ponto de partida do meu trabalho. Sempre me interessei mais pela experiência do escritor como professor. Borges claro, mas também Valéry, Nabokov, Michel Butor, Saer. Nos escritores por quem me interesso há sempre uma matriz didática. É daí que nasce a vanguarda.

A palavra encenada

Sérgio Sant'Anna

15.08.11

Mas não poderia falar de teatro sem mencionar aquele espetáculo, no meu entender e no de muita gente, o maior de todos já realizado no Brasil, Macunaíma, de Antunes Filho, dirigindo uma adaptação do francês Jacques Thieriot do romance de Mário de Andrade. Aliás, Antunes não negava, entre suas influências, Bob Wilson, assim como Kazuo Ohno e Pina Bausch. Como fiquei amigo do pessoal do grupo do Antunes, fui convidado algumas vezes para ver os bastidores de Macunaíma e de Nelson Rodrigues, o eterno retorno, também do diretor paulista. Esta experiência está narrada no meu conto "O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro", e também posso dizer que nunca mais fui o mesmo depois dela.

O futuro no passado

José Geraldo Couto

21.07.11

A primeira rede de computadores da Folha não era muito confiável. Dizia-se que era de fabricação paraguaia. Não tenho certeza disso, mas sei que a todo momento as matérias sumiam das telas, perdiam-se dias inteiros de trabalho, era um deus nos acuda na redação. Lembro-me nitidamente de uma noite em que, próximo do horário de fechamento do jornal, o sistema deu pau. Simplesmente parou, como um carro que "morre" por falta de bateria. Uma cena para não esquecer: o diretor do jornal, Otavio Frias Filho, e os dois secretários de redação, parados em silêncio, perplexos e expectantes, diante do terminal inerte da primeira página.

A literatura e o indizível

José Geraldo Couto

14.07.11

Estou pensando em Graciliano Ramos e seu Fabiano, de Vidas secas. Ou em Clarice e sua Macabéa, em Guimarães Rosa e seu Riobaldo, em J. M. Coetzee e seu Michael K. Veja que são autores muito diversos entre si, mas que tentam de um modo quase desesperado uma ponte de linguagem com esse outro afásico, impenetrável. Você de certo modo fez isso num conto como "Um discurso sobre o método", não é verdade?

Clássicos para tudo o que é gosto

Sérgio Sant'Anna

11.07.11

Fico até encabulado com os seus elogios a meu livro, em sua carta bonita, leve e solta. Nela você pergunta qual é a minha relação com os clássicos. Não vou dizer que é sempre uma relação fácil, mas os clássicos já me deram momentos de uma incomparável riqueza existencial. Mas confesso que só consegui ler os sete volumes de Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, na terceira tentativa.

O Fluminense e meu tio

Sérgio Sant'Anna

27.06.11

Leia abaixo a primeira carta da correspondência entre o escritor Sérgio Sant'Anna e o jornalista e crítico José Geraldo Couto. Pelos próximos dois meses, ambos trocarão cartas semanais no blog do IMS. "E vou contar a você o que pouca gente sabe a meu respeito. Nos dias em que o meu time está passando por momentos difíceis em jogos importantes, invoco o meu tio Carlos, para que dê uma mãozinha, esteja onde estiver, o que significa que eu pelo menos admito que há vida depois da morte."