Paulo Roberto Pires

Devíamos ter ficado em casa?

Paulo Roberto Pires

21.07.16

"Ah, a realidade, esse detalhe que por vezes trava a boa consciência e muitas vezes os debates mais intelectuais. Só nos restava, ali, ir atrás de uma festa de vallenatos, gênero musical que, na semana seguinte de nossa volta, foi considerado patrimônio imaterial pela Unesco, ou partir para as brigas de galo. Aquelas. Porque no fundo é fácil fazer uma viagem calcada na literatura, desembaraçada dos espetos da realidade pela idealização da ficção", escreve Paulo Roberto Pires em relato de viagem para Santa Cruz de Mompox, uma pequena cidade na Colômbia.

Camisa branca de linho

Fabrício Corsaletti

27.08.12

É tão visual, moderno, engraçado. E me fez pensar o seguinte: se a mulher do poema fosse "loira" e não "loura", ainda seria "doce como um bolo"? Acho que não. Acho que o "ou" ecoa no "o" de "bo", dá solidez, peso, massa à mulher, permitindo que ela seja um bolo. Se fosse loira, seria mais angulosa e aérea. Não seria um bolo. No máximo, uma porção de fios de ovos ou um quindim.

Uma versão desidratada da vida

Chico Mattoso

01.02.12

Essa do grumo de sangue foi demais. Vai direto pro caderninho. Aliás, que belas epígrafes têm teus livros. Não posso dizer o mesmo dos meus, infelizmente. Eles tiveram dezenas de potenciais epígrafes, algumas delas bem bonitas e importantes no processo de escrita, mas na hora da edição final sempre me dá um treco e eu corto tudo. É como se a epígrafe poluísse o livro ? ou, ao contrário, como se o livro tirasse a potência da epígrafe, cujo destino ideal seria ficar boiando no éter, alheia a tudo, emitindo sinais de alta frequência como um sonar ou um golfinho. Enfim. Quem sabe um dia.

Sabedoria pedestre

Arthur Dapieve

14.11.11

Nossas cidades coloniais me comovem. Ouro Preto, Tiradentes, Paraty... Olinda não entra na lista porque, entre as muitas falhas de meu caráter, está a de não conhecer Pernambuco. A primeira razão para comoção é que, percorrendo-lhes as ruas, não consigo deixar de pensar que algo se perdeu na arquitetura, ao menos temporariamente, e em especial a partir de meados do século XX. Nenhuma arte "evolui" ou "involui" de fato: apenas muda, adequando-se aos meios materiais e às circunstâncias sociais de novos tempos.

Casquete de lã – Por Armando Freitas Filho

Armando Freitas Filho

09.05.11

clique aqui para ver a carta anterior Pois é, Ri. Como escrever cartas agora? Tenho a impressão de que escrevi no último fim de semana todas as cartas possíveis, todas as cartas do mundo, só que conversadas. São cartas na fase oral. Quando você chega aqui em casa, sinto que, enfim, chegou em  casa. Depois... Continue reading