Gripes e gafes: Nora Ephron (1941-2012)

Cinema

27.06.12

É tudo uma questão de parâmetros. E ontem se foi um deles. Morreu, aos 71 anos, Nora Ephron, a roteirista que atualizou as comédias românticas para o fim do século 20 (Harry & Sally, Sintonia de Amor, Mensagem para Você), que dirigiu adaptações com protagonistas incríveis (Julie & Julia e o remake de A Feiticeira para o cinema – ou você fez pouco e não viu?), a autora do best seller Heartburn e de livros como Meu Pescoço é um Horror (Rocco), criadora da seção Divorces do Huffington Post (que hoje presta uma bela homenagem a ela em diversos textos aqui), em oposição ao Weddings and Celebrations, do New York Times, que, hoje, dedica a principal foto de sua página a Ephron.

Foi o New York Times, aliás, que descreveu Ephron do jeito mais Ephron possível. Disse que ela era “dos moldes de Dorothy Parker (só que mais engraçada e esperta)”.

É tudo uma questão de parâmetros. E para quem cresceu no fim do século 20, além do clima Brooke Shields lagoa azul bronzeada cabelão, da frieza andrógina de Linda Evangelista, da acabação magricela de Kate Moss à Mia Wallace Uma Thurman, havia a possibilidade Sally (Meg Ryan) esculhambada fingindo orgasmo só para provar que está com a razão. Ou Kathleen (Meg Ryan) em Mensagem para Você, bonitinha, cãrdiga cinza, engraçada e estabanada. Coisas normais, gripe, gafes etc. Mas dona de uma livraria.

O que Dorothy Parker e Meg Ryan têm em comum? Nada.

Mas para quem cresceu achando aqueles diálogos ótimos (cada qual tem sua frase favorita, pode perguntar), que apostaram no humor no casamento e no divórcio (“casamentos vêm e vão, mas divórcios são para
sempre”) foi-se um parâmetro – e não apenas feminino. Embora a maior parte de seu público (claro, feminino) relute um pouco em aceitá-la como tal. Talvez por culpa dela mesma.

http://www.youtube.com/watch?v=F-bsf2x-aeE

* Na imagem que ilustra o post: Meg Ryan em cena clássica de Harry & Sally.

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