A democracia nem sempre foi o ponto de chegada da discussão de Raízes do Brasil. Quem corre as páginas da edição original do livro, publicada em 1936, surpreende-se com a ausência da passagem em que Sérgio Buarque de Holanda toma partido pela ascensão das camadas populares. Adotada apenas na segunda edição, de 1948, a postura progressista daria à obra muito da atualidade que continua a ter entre nós. Em sua primeira tiragem, porém, o volume era uma incógnita do ponto de vista político. Sem defender a democracia, o autor tampouco se filiava às correntes totalitárias do campo oposto. Isso não o levava exatamente a um impasse. Ele parecia indicar que, à falta de um ponto de chegada específico, era possível entrever uma forma de atingi-lo, qualquer que viesse a ser.