Groupie meteorológica
Chico Mattoso
21.04.12
O cotidiano do cara é de uma simplicidade extraordinária. Vestindo o mesmo casaco azul, todas as manhãs ele monta numa bicicleta e sai pela cidade atrás de fotos de anônimos, que reúne e publica numa seção do jornal. Por também fazer a coluna social, vive sendo alvo de convites e solicitações, além de ofertas infinitas de mimos e jabás. Ele não aceita nada. Depois de tirar as fotos, volta sozinho pra casa e vai jantar numa deli caindo aos pedaços.
Fim dos tempos: o salgadinho de estrogonofe
Chico Mattoso
08.02.12
Clique aqui para ver a carta anterior Clique aqui para ver a carta seguinte JP, Também não exageremos. Pra falar a verdade, aquela conversa sobre estar “vivendo com calma” é mais reflexo de uma vontade que uma constatação empírica. Porque o perrengue não passa, meu amigo. A gente tapa um buraco aqui, abre outro... Continue reading →
Uma versão desidratada da vida
Chico Mattoso
01.02.12
Essa do grumo de sangue foi demais. Vai direto pro caderninho. Aliás, que belas epígrafes têm teus livros. Não posso dizer o mesmo dos meus, infelizmente. Eles tiveram dezenas de potenciais epígrafes, algumas delas bem bonitas e importantes no processo de escrita, mas na hora da edição final sempre me dá um treco e eu corto tudo. É como se a epígrafe poluísse o livro ? ou, ao contrário, como se o livro tirasse a potência da epígrafe, cujo destino ideal seria ficar boiando no éter, alheia a tudo, emitindo sinais de alta frequência como um sonar ou um golfinho. Enfim. Quem sabe um dia.
John Marcher ao avesso
João Paulo Cuenca
13.01.12
E o que eu fiz com esses dez anos? O que fizemos? É tempo pra burro, é nada. Acho que eu sofro de uma espécie de johnmarcherismo às avessas, Chico. Se o protagonista do Henry James passa a vida ensimesmado à espera da fera, do mistério, e acaba sem fazer porra nenhuma - nem um trato na pobre da May Bartram -, acho que eu consegui não só descobrir, mas também criar as minhas feras nos últimos anos.