José Geraldo Couto

A barbárie à espreita

José Geraldo Couto

01.10.18

Esta semana, José Geraldo Couto destaca Uma noite de 12 anos, de Álvaro Brechner, um acerto de contas com o período da ditadura militar no Uruguai, a mostra do ucraniano Sergei Loznitsa no IMS, com doze filmes e duas master classes, e a estreia no circuito comercial de A moça do calendário, de Helena Ignez.

Eu vi um Brasil no cinema

José Geraldo Couto

06.09.18

A filmografia de Joaquim Pedro de Andrade é talvez a ponte mais completa e consequente entre o modernismo literário dos anos 1920 e o cinema moderno. Relativamente pouco numerosa, atualiza de modo crítico e inventivo a investigação sobre a identidade brasileira empreendida pelos modernistas da “fase heroica”, praticando uma antropofagia da antropofagia.

As mulheres abrem caminho

José Geraldo Couto

06.07.18

Sobretudo nos últimos anos, uma forte reação feminina tem diminuído o predomínio esmagador de realizadores homens, e um sinal animador disso é o FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema. Cachorros, uma das estreias mais interessantes da semana, também é dirigida por uma mulher, a chilena Marcela Said.

O cinema contra a morte

José Geraldo Couto

16.02.18

Escapando do quase inevitável balcão de apostas dos “filmes do Oscar”, o crítico José Geraldo Couto dá atenção a uma obra singular de um diretor idem. Antes do fim, o mais recente longa-metragem do gaúcho criado e radicado em São Paulo Cristiano Burlan, faz com que a morte e a finitude debatida no dia a dia de um casal de idosos (Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet) oscilem entre a solenidade e a descontração, a tragédia e a ironia derrisória.

A pioneira Carmen Santos (1904-1952)

Mulheres do cinema, cinema das mulheres

José Geraldo Couto

19.01.18

Num cinema de história intermitente e espasmódica como o brasileiro, pontuado por surtos, interrupções e fracassos, e ainda por cima marcadamente masculino, várias gerações de mulheres podem ser vistas como pioneiras e desbravadoras. Nesse contexto, poucos eventos poderiam ser tão oportunos como a mostra Mulheres, câmeras e telas, da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, que inclui da pioneiríssima atriz, produtora e diretora Carmen Santos a jovens realizadoras de hoje, como Julia Murat e Juliana Rojas,  passando por Tata Amaral, Eliane Caffé, Laís Bodanzky, Anna Muylaert, Lina Chamie e outras.

Imagem do filme "A moça do calendário"

O futuro é mulher

José Geraldo Couto

30.10.17

A moça do calendário, de Helena Ignez, é um dos filmes mais vigorosos da Mostra de Cinema de SP. O protagonista é o “mecânico e dublê de dançarino” Inácio. Tudo acontece em torno de suas relações com a mulher, com os colegas de trabalho, com o dono da oficina, com seus “bicos” como ator, com o sonho de encontrar a tentadora “moça do calendário.

Tiradentes, o anti-Oscar

José Geraldo Couto

27.01.17

Não vamos falar, ao menos por enquanto, dos famigerados “filmes do Oscar”, que inundam as telas e a mídia todo início de ano. Tem tempo para isso. Hoje é dia de falar da Mostra de Cinema de Tiradentes, a pleno vapor em sua vigésima edição. Entre os festivais brasileiros, é o que aposta mais radicalmente no cinema autoral, de invenção, de experiência, ou seja lá como se queira chamar esse punhado de filmes estranhos ao mercado e avessos às classificações.

2016, entre sinistro e sublime

José Geraldo Couto

30.12.16

Num ano de grandes traumas no Brasil e no mundo, o cinema, se não serviu para consertar nada, ao menos nos ajudou a manter aguçados o olhar e a sensibilidade. Atendo-nos aos títulos lançados no circuito comercial, alguns veteranos fundamentais (Bellocchio, Verhoeven, Almodóvar, Clint Eastwood, Woody Allen) marcaram presença, ao lado de estreantes promissores, como Robert Eggers, do surpreendente A bruxa.

Dois cinemas

José Geraldo Couto

06.05.16

Não faz sentido cobrar de um filme aquilo a que ele não se propõe, nem tampouco eleger um tipo único de cinema e avaliar todos os filmes em cotejo com esse parâmetro. Ralé, de Helena Ignez, e Prova de coragem, de Roberto Gervitz, são obras diametralmente opostas, frutos de concepções cinematográficas radicalmente distintas – mas não excludentes. São ambos dignos e legítimos, merecem e devem ser vistos.

Copacabana em transe, Recife em ebulição

José Geraldo Couto

23.01.15

Está em cartaz o pernambucano Amor, plástico e barulho e saiu em DVD Copacabana mon amour, realizado por Rogério Sganzerla em 1970. Apesar das muitas diferenças, os filmes têm em comum um corajoso corpo a corpo com a chamada “realidade social” de uma geografia específica: o de Sganzerla com uma Copacabana fervilhante de contradições; o de Renata Pinheiro com a “cena brega” da periferia de Recife.