Mariana Lage

Escrita, nomadismo e queer

Mariana Lage

25.09.17

Em Argonautas, Maggie Nelson (foto) trabalha com o indizível da experiência e o avesso das palavras. A escrita, apesar de ferramenta para demarcar ou evidenciar o nomadismo, será sempre insuficiente diante da movência do que existe. As palavras se movem, os sentidos se alteram, as peles, os gêneros e os sexos se desdobram de um jeito particular, inaudito.

Contar uma boa história

Camila von Holdefer

29.05.17

Nada no clamor para que autores voltem a “contar uma boa história” faz sentido. Mesmo a literatura comercial, ainda que sem qualquer engenho e de forma torta e tênue, diz algo sobre si mesma. Quando autores dispostos a experimentar com a literatura de gênero deslocam o foco da resolução para a investigação, não raro o resultado é instigante.  Quase todas as experiências revelam a relação complexa, mas estreita, entre investigação e signos, linguagem, literatura.

A morte e as mortes de Barthes

Paulo Roberto Pires

13.12.15

No centenário do ensaísta francês, uma avalanche de lançamentos procura celebrar seu legado. Philippe Sollers, amigo, Antoine Compagnon, aluno, e Laurent Binet, leitor, prestam as mais interessantes e inesperadas homenagens.

Pignatari: temperamental e múltiplo

André Dick

07.12.12

Como poucos nomes no Brasil e no exterior, o escritor Décio Pignatari, que morreu na manhã de dois de dezembro, foi um multiartista: poeta (também em romances e contos), crítico literário, tradutor, publicitário, cronista de futebol e até mesmo ator, em Sábado, de Ugo Giorgetti. Falar de apenas uma de suas facetas seria negar exatamente o que ele quis ao longo da sua trajetória.

A Tijuca Profunda

Aldir Blanc

06.10.11

O tijucano - e sou um deles - me horroriza e fascina. É um falso machão. Entra em casa, com umas cervejas na cabeça, e grita, dá decisão, mas se a patroa encarar, a maioria bota o galho dentro. Reina, coçando acintosamente o que a Liesa chama de genitália, na frente do buteco, carta marra na purrinha, mexe com as gostosonas (sem falsa modéstia, são muitas) que passeiam. Umas ficam indiferentes; poucas bancam as vaconautas, olham pra trás e sorriem. Agora, se uma delas parar, de mãos nas cadeiras, e chamar "Vem cá, meu gato, que a mamãe resolve esse atraso todo!", o cara corre feito o Usain Bolt.