Política

O alvorecer do fascismo

Kelvin Falcão Klein

27.11.18

Boa parte da literatura sobre a Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini mostra que o passado recente muitas vezes nos espera na próxima esquina, feito de gritaria e selvageria. É possível seguir o fio dessa meada em direção ao futuro e perceber em relatos, diários e memórias como é viver a transformação da ideia original na prática do fascismo.

Imaginário da fronteira

Suzana Velasco

29.08.18

Pacaraima, San Diego, Sicília: a  política se faz também pela fronteira, ou apesar dela. Pessoas continuarão imigrando, num mundo em que as motivações do deslocamento são tão plurais que as categorias fixas de imigrantes e refugiados já fazem pouco sentido.

Corpos em resistência e aliança

Carla Rodrigues

28.08.18

Em seu novo livro, Judith Butler marca a importância da materialidade do corpo na discriminação entre corpos que importam e corpos que pesam. É uma forma de apontar como as demandas básicas do corpo estão no centro das mobilizações políticas.

2018 e suas memórias

Carla Rodrigues

16.05.18

Recebi um convite para uma reunião da turma da escola, 40 anos de conclusão do segundo grau. Penso nesses 40 anos quando vejo em torno de mim todas as homenagens aos 50 anos de Maio de 1968, seu espírito revolucionário, suas promessas de futuro que ainda estão aí, ora nos assombrando como fantasmas, ora nos animando a ir às ruas de novo e mais uma vez. Há debates, livros, seminários, e há sobretudo o fato de que, se na França ou na Alemanha 1968 é um marco em direção a um novo futuro, no Brasil é o ano do assassinato, pela polícia, do estudante Edson Luís, da Passeata dos Cem Mil e da decretação do AI-5.

A responsabilidade das mulheres

Carla Rodrigues

12.04.18

Gênero e desigualdades – limites da democracia no Brasil, de Flávia Biroli, cumpre um papel histórico de registro do que diversos movimentos de mulheres está fazendo no Brasil contemporâneo, com maior ou menor sucesso, com mais ou menos risco de vida. Precisa ser lido como um trabalho atravessado pelo embate entre os movimentos de mulheres negras e a pauta de reivindicações das feministas brancas.

A guerra no Rio que tem rosto de mulher

Carla Rodrigues

07.03.18

Contrariando o que escreveu a russa Svetlana Aleksiévitch, autora de A guerra não tem rosto de mulher, há no Rio de Janeiro uma guerra muito específica que tem o rosto das mulheres que recorreram ao serviço de saúde em situação de abortamento e acabaram presas. Se por um lado tivemos um governador capaz de afirmar que as mulheres pobres eram “fábrica de marginais”, por outro temos essas mesmas mulheres pobres, já constrangidas pela situação precária em que vivem, sendo denunciadas e presas quando recorrem, em situação de extrema vulnerabilidade física e emocional, à rede pública de saúde.

O estatuto dos favelados cariocas

Carla Rodrigues

19.02.18

O Rio de Janeiro é o cenário perfeito para a construção de um discurso de ordem, aqui entendido como apelo de intervenção e proteção por um Estado forte exatamente onde hoje o governo é mais fraco, para a configuração de um estado de exceção que ganha apoio nas camadas médias como forma de proteção “contra tudo isso que está aí”.

Viva o feminismo agonístico

Carla Rodrigues

16.01.18

É uma imensa alegria ver feministas debatendo violência contra as mulheres, assédio sexual em ambientes profissionais e submissão de mulheres aos privilégios dos homens, como aconteceu na semana passada. Gostaria de ir além e abordar uma questão de método, argumentando que hoje os feminismos carregam, na política, uma dupla potência.

Feminismo radical, justiças históricas e injustiças particulares

Carla Rodrigues

21.11.17

Não me parece coincidência que a corrente das feministas radicais esteja fazendo tanto barulho no Brasil desde 2013, principalmente nas redes sociais. Até então, tínhamos uma tradição de associar movimentos feministas com lutas progressistas por justiça social, em que pese as valiosas críticas do predomínio do feminismo liberal branco entre nós. Hoje enfrentamos uma onda neoconservadora contra a liberdade, fundamentada na articulação entre leis e mercado, num estado securitário e autoritário e no pânico moral muitas vezes mobilizado pelas radfems.

A Rocinha nunca foi só a Rocinha

Carla Rodrigues

26.09.17

Nas muitas camadas que formam a Rocinha, uma chama a atenção: a centralidade atribuída, seja pelos governos, seja pela imprensa, a tudo de bom ou ruim que ali acontece. Do jeep tour que faz da favela um espaço exótico à grande concentração de recursos de ONGs, nada na Rocinha passa desapercebido.