Poucos imaginam as contradições que a falsa placidez de um arquivo literário encobre. Estantes que deslizam sobre trilhos a um giro rápido de manivela não deixam sentir, à distância, a resistência de vidas que os obituários há muito registraram como findas.
De longe, não se pode ouvir a voz indignada de Otto Lara Resende em carta de 1972 ao historiador Francisco Iglésias. Às vésperas de se tornar cinquentão, escrevia o jornalista e escritor a Iglésias: “Estou há meses hanté [1] pela ameaça desses tremendos 50 anos, que não vou fazer, mas que, espero, não cheguem para me desfazer”.
Mantidos a 19 graus, os arquivos dos vinte e sete autores que integram a Reserva Técnica Literária (RTL) do Instituto Moreira Salles (IMS), entre os quais Otto e Iglésias, jazem em caixas de cartão pH neutro que se sobrepõem nas prateleiras dos módulos deslizantes de dez metros de comprimento.
Ao andar pelos corredores que os separam, penetra-se no mundo dos chamados titulares. Diante das prateleiras, não há como evitar a sensação de entrar em suas casas sem pedir licença, devassar seus escritórios ou mesmo aquele cantinho de gaveta onde um autor registrou uma ideia original, anotou uma inconfidência só porque não queria esquecê-la, selou uma promessa ou arquivou um sonho.
Isso para ficarmos na esfera do pessoal. O que dizer dos projetos que não saíram do papel, como o caderno em que Erico Verissimo esboçou um romance, o último, que ele não chegou a definir se seria A hora do sétimo anjo, O dia do sétimo anjo ou ainda A vez do sétimo anjo?
A ideia do livro inédito até hoje, com desenho e notas em inglês, como fazia o autor por gostar da concisão da língua de Shakespeare, tinha surgido antes de Incidente em Antares, que completa 40 anos de publicação neste 2011.
Mais numerosas, talvez, são as anotações de Mario Quintana, para não sairmos do Sul do Brasil. O poeta das Canções colecionou dezenas de cadernos em que fermentavam os espantosos aforismos depois reunidos em livros: “A lua caiu no chão” é apenas um deles, contrariando as leis da física.
Essa lua de Quintana me traz de volta a agitação do meu jovem amigo Gabriel. Ele está com 14 anos agora e não passava dos oito quando, num dos fins de semana em que chegava à praia das Fontes, no Ceará, vendo o mar verde e brilhante à sua direita, pulou do banco traseiro do carro e gritou, numa deliciosa mistura de emoção: “Vovó, o mar está feliz!” Não duvido que o poeta sorrisse ao ouvir a exclamação, certamente interrompendo uma baforada de cigarro.
“Um verdadeiro gentleman compra sempre três exemplares de cada livro – o primeiro para ele mesmo, o segundo para dar de presente, e o último para guardar na estante” – escreveu Quintana sob o número 457 de uma série que intitulou: “Coisas numeradas de um a novecentos e noventa e nove”. Coisas, portanto. Estranhamente, ele mesmo não observou a “coisa” 457 – é o que se constata na sua biblioteca, onde se vê apenas um exemplar de cada obra.
Se a Academia Brasileira de Letras lhe negou a imortalidade, o poeta arranjou seu jeito de permanecer, além, naturalmente, do legado de sua poesia: “Ainda vou ter a minha imortalidadezinha”, cochichava ele, risonho, à sobrinha, Helena, a quem confiou os papéis de que hoje se compõe seu arquivo.
Mistérios
Teria Erico Verissimo alguma vez imaginado que no arquivo vizinho ao seu as palavras de Otto Lara Resende, em carta de 1o de junho de 1959 a Fernando Sabino reverberariam: “Não tenho a menor vontade de escrever um romance. Romance é do Erico (positivamente, já escrevi para o Castello que ele, o Erico, não o Castelete, é o maior romancista brasileiro)”?
Carlos Castello Branco lançara, naquele mesmo ano, o romance Arco de triunfo, e Otto, contrariamente ao que afirmou na carta a Sabino, escreveria O braço direito, romance publicado em 1963, do qual deixou pelo menos quatro versões, conservadas em seu arquivo.
É curioso que no capítulo 22 desse livro de Otto, a personagem principal, o inspetor de órfãos do Asilo da Misericórdia, faz a seguinte reflexão:
O fato é que tudo se sabe neste mundo. Tudo acaba por ser descoberto. Todo pecado, leve ou grave que seja, se denuncia, se expande, por mais que o pecador se esforce por ocultá-lo. Não adianta fechar as portas e as janelas para evitar que se publique uma má ação. Ela exala como que um odor sutil que escapa por gretas que nunca se obturam completamente. Mesmo os pensamentos mais íntimos, mais secretos, serão um dia devassados e conhecidos, expostos à curiosidade pública como outro dia estávamos, os órfãos e eu, expostos na associação das Filhas de Maria. O Juízo Final começa aqui neste mundo – e esta ideia me arrepia a alma e o corpo, me põe calafrios de horror.
Uma carta que o criador do romance escreveu a Fernando Sabino em 1957 mostra que personagem e autor compartilham o receio dos julgamentos: “Sou um jornalista condenado a só considerar importante a morte e o que virá depois – o julgamento! O resto não tem importância, isto é, só tem importância enquanto se reflete aí, nesse capítulo final”.
Não era bem assim. Em uma das 191 cartas que enviou a Iglésias, Otto se mostrou preocupado com o destino de seu arquivo. Um ano antes de morrer, prometia ao amigo “dar um jeito” no seu “papelório”: “Eu não tenho importância para que guardem os meus papéis”, justificava.
Menos que importância, Otto temia a exposição daquelas confidências que só se fazem ao amigo especial. Não que necessariamente contenham segredos comprometedores. Antes, traduzem aqueles estados d’alma agudos, aqueles momentos em que o remetente se despe de qualquer vaidade e ali, no papel, se expõe na sua mais perfeita inteireza.
Uma correspondência sempre guardará mistérios, mesmo os mais puros, que se instalam numa dedicatória, às vezes. Ou numa forma de tratamento. Não se sabe se alguma vez Otto Lara Resende deixou de sorrir, com ternura, quando lia as iniciais V. C. no topo da página de uma carta que recebia da filha, Heleninha. Pois era esse o modo carinhoso com que Helena Cristina Pinheiro Lara Resende, a caçula, irreverente até hoje, se dirigia ao pai: Velho Careca.
Quantas vezes terá ele experimentado uma extensão de sua paternidade ao ser tratado por “Pajé” pelos três mineiros que com ele formaram um lendário quarteto? A esses Otto escrevia com fidelidade religiosa – sofria de “cocaína postal”, dizia. Nas cartas, se abandonava a reflexões, à exposição de conflitos, temores, mas sempre com humor, muito humor.
É assim que pulsa a vida num arquivo: os grandes medos, as ternuras profundas, perplexidades, as maiores alegrias e não menores frustrações saltam de cada página manuscrita, de cada carta em que, palpitante, uma letra firme ou nervosa reanima o autor, devolvendo-lhe os traços firmes da personalidade.
Que leitor não é tomado por uma certa volúpia ao partilhar de uma confissão dirigida a um desconhecido de quem ele, leitor, passa a ser cúmplice? É essa violação, legitimada, que possibilita ao pesquisador fazer achados importantes. Achados que trazem soluções ou, algumas vezes, provocam mais mistérios. Exemplo disso está na parte do pequeno, mas rico, conjunto de Clarice Lispector, em que se encontra um guardanapo de papel com o desenho de sua boca gravado em batom vermelho.
Quem sabe investigações futuras dirão se se trata de um beijo impresso (e para quem) ou de uma simples prova de batom?
Acontece de, em alguns momentos, nem mesmo ser necessário se abrir uma pasta ou uma caixa para se encontrar o escritor: as etiquetas que indicam o “morador” de cada estante podem causar sustos. Foi assim outro dia, quando levei um visitante especial para conhecer a área de guarda, onde os nomes de Francisco Iglésias, Otto Lara Resende e Paulo Autran se aproximam nas indicações no alto dos módulos. O visitante sorriu para espantar a emoção e, entre desapontado e nervoso, gaguejou: “Pôxa, são meus amigos!” Não estava preparado para o choque. Talvez quisesse dizer: “Não esperava encontrá-los aqui, estranhamente vivos”.
Os quatro mineiros
Drummond já imaginara a vida que renasce em estantes. No poema “Natal na biblioteca de Plinio Doyle”, de 1972, se diverte com “um rumor de vozes dialogantes” entre José de Alencar, Machado de Assis e outros. Imagine-se, então, num arquivo, o vigor dos diálogos epistolares, manuscritos, em prateleiras vizinhas, para os quais Otto Lara Resende contribuiu com mais de sete mil cartas, entre as que recebeu e cópias das que enviou. Desse modo, seu sofrimento pela perda de Erico Verissimo ecoa no arquivo do escritor gaúcho, na carta que escreveu à viúva, Mafalda.
Otto, que tantas vezes ameaçou se desfazer do “papelório”, felizmente o guardou, e muito bem guardado. Se havia algum dado obscuro em uma carta, fazia anotação na margem, de modo a esclarecer a dúvida ou acrescentar uma informação. E é graças a esses cuidados seus que hoje se pode reconstituir boa parte da trajetória do quarteto mineiro que ele integrou ao lado de Paulo Mendes Campos (PMC), Fernando Sabino (FS) e Hélio Pellegrino (HP) e que em algum momento foi chamado de “Os 4 mosqueteiros”. Otto, aliás, não gostava do rótulo. Um ano antes de sua morte, ocorrida em 28 de dezembro de 1992, mostrava indignação a Iglésias:
Tenho horror a essa história dos “4”, mosqueteiros então! Burrice. No momento em q estava na casa do pmc, ele recém-morto (todo morto é antiquíssimo), uma repórter disse essa história dos “4” a alguns passos de mim e eu, quase grosseiro, gritei: “Isso é folclore! Não empobreça o Paulo, nem os amigos dele!” Mas não adianta. O clichê pegou. Reagi contra, reajo há anos, até me recusando a comparecer, por ex., a BH no último aniversário da cidade a que o Hélio foi com o FS”. […] Me arrependi daquele disco dos “4”, que nasceu de uma ideia completamente inocente – e minha. Já contei, não? Um dia conto. Da ida à gravadora, para uma brincadeira inconsequente, saiu o disco, que acabou lançado no Rio e em SP, com galas de festa, porque interessava à gravadora fazer uma onda “cultural”. O FS não queria gravar, até que entendeu que podia ser interessante e entrou no tradicional marketing. Enfim, deu pelo menos umas boas horas de convívio com pmc, que já andava arisco, e com o hp, que nunca viajava com a gente. […] Enfim, não adianta reclamar. O tempo apaga isto e o mais.
Espera-se que o tempo não apague os dois elepês, intitulados “Os 4 mineiros”, lançados pela Som Livre em 1981, contendo em cada lado uma pequena apresentação de cada um dos integrantes do grupo, seguida de leitura de um trecho das respectivas obras. Não apagará, é certo, a coesão que se firmou entre esses amigos desde 1945, ano em que Paulo Mendes Campos, em carta a Otto de 1o de dezembro, definiu, com graça:
Sem você somos feito uma caneta-tinteiro sem tinta. “Tem caneta?” – “Tenho, mas sem tinta”. Assim como, sem o Hélio, somos um hospício sem loucos. Sem o Fernando, somos um parque de diversões sem roda-gigante. E, sem mim, sem mim vocês são um compêndio sem prolegômenos e sem erratas. Repare que nos defini num círculo vicioso. Quem é Paulo Mendes Campos: – é um amigo do Otto Lara Resende. – Quem é o Otto Lara Resende? – é um amigo do deputado Hélio Pellegrino. Quem é o deputado Hélio Pellegrino? – é o deputado Hélio Pellegrino, ora essa! Digo: é o amigo de Fernando Sabino. – Quem é o Fernando Sabino? É um personagem à procura de Pirandello. – Quem é Pirandello? – é um amigo de Paulo Mendes Campos. – E assim por diante. É ou não é?
Se a gente se separar acabará simples sujeitos. – Quem é Otto Lara Resende? – é um sujeito aí. Será melancólico, Pajé.
Paulo Mendes Campos morreria em 1o de julho de 1991, e Otto, apesar de aparentar entusiasmo com a nova produção de cronista na Folha de S.Paulo, onde começara em 1o de maio daquele ano, desabafaria a Iglésias em 16 de outubro: “Não sei se estou certo, mas identifico a minha depressão agravada a partir da morte do Paulo. Tenho tido muita insônia e não acho graça em nada”.
Não tinha sido menor a tristeza de que se tomara quando da morte de Hélio Pellegrino, em 23 de março de 1988, como confidenciou a Iglésias, dois dias depois:
Você sabe como estou. Desatinado, destroçado. Ainda sem acreditar. Pesadelo. É possível que eu tenha sido, de todos, o amigo que mais viu – e via – o Hélio. Nossos encontros, com raras exceções, eram diários. Depois que estou com escritório na Gávea, morando ele a um passo daqui, nos víamos todas as manhãs e nos revíamos à noite com frequência, quando ele vinha cansado de Copacabana. E nos falávamos com uma assiduidade talvez sem paralelo. Até nem sei onde ainda buscávamos palavras, ou o que dizer. […] Além da figura pública, do militante, de todo um certo folclore, o Hélio tinha também muitos outros aspectos, entre os quais a gratuidade infantil, um senso de humor e um histrionismo incomparáveis. […] Tínhamos, depois de tantos anos, uma recíproca e instantânea compreensão, que se fazia quase sem palavras, ou com palavras de passe que vimos espontaneamente criando ao longo de tanto tempo repartido a dois. […] Ao ver o Hélio morto, ainda com as cores da vida, ao lhe pegar as mãos flexíveis, ainda quentes, ao tocar-lhe a testa, tudo me parecia mais uma troça do Hélio, que mais de uma vez figurou a própria morte aqui mesmo onde estou escrevendo. E me dizia, meio pilheriando, coisas que nem posso recordar. “Você vai sentir uma falta física de mim” – me disse ele, já com pena do estado em que me encontro. E completou: “Fico até com pena de morrer por sua causa. Você vai no mínimo ficar mancando” – e ia por aí afora, num humor negro de inesgotável inventividade. […] Nosso encontro foi fulminantemente fraternal, a partir do primeiro minuto. E Você sabe que brigávamos muito, com uma franqueza rude, às vezes a ponto de chamar a atenção dos passantes na rua (quando era na rua) ou de cometer alguns estragos em volta. Nunca, mas nunca jamais mesmo nos separamos um com mágoa do outro. E nunca deixamos de nos dizer brutalmente (talvez eu mais do que ele) o que pensávamos. Li todos os textos dele antes de serem publicados. O que me tocava nele era a flama, aquela coisa helippelegrinesca que roçava o sublime, o ridículo, o comovente, o engraçado etc. etc. etc.
Otto Lara Resende foi um extraordinário intérprete das perdas irrevogáveis. Entregava-se à dor; não buscava consolo. Se tivesse escrito versos, talvez invejasse Manuel Bandeira, que, para minimizar a perda do amigo e compositor de Azulão, escreveu no poema “Ovalle”: […] “Conversaremos longamente/ De sepultura a sepultura/ No silêncio das madrugadas/ Quando o orvalho pingar sem ruído/ E o luar for uma coisa só”.
Tuberculoso devotado, Bandeira contou com a chegada da “indesejada das gentes” durante os seus 82 anos de vida. Preparou-se. Ouvia o tempo, “segundo por segundo,/ urdir a lenta eternidade”, como se lê no lapidar soneto “Noturno do Morro do Encanto”. Não se dirá o mesmo do Pajé e de Paulusca, como se tratavam Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, que, nem nas suas maiores fantasias devem ter se imaginado vizinhos em um arquivo.
A diferença é que o primeiro prometia mas não organizava o que ele chamava de seu “cafarnaum”, enquanto Paulo Mendes Campos, com sua letra pequena e aplicada, ordenou minuciosamente cadernos de anotações, estudos, poemas, etc. Todo esse material vem agora para o Instituto Moreira Salles, segundo contrato preparado no mês de fevereiro, esse mês que Paulo reputava “torto e adoidado”, “truncado e destituído de bom-senso”. Na crônica “Rio de fevereiro”, ele garante:
Fevereiro é o sumo do Rio. O carioca funciona os nove meses efetivos, joga tudo para o alto em dezembro, põe-se em sossego em janeiro, para reflorir e dar tudo de si em fevereiro. […] Março, não! Em março todo mundo sabe que a vida civil, comprometida e chata, começou. Março é o fim.
Neste 2011, no entanto, março indicou um começo. Depois de mais um dionisíaco fevereiro, em que evoluíram as negociações de transferência do arquivo de Paulo Mendes Campos para o ims, foi em março que se firmou o contrato. Paulo vem se juntar não só a Otto, o grande amigo, mas a alguns de seus pares na crônica, esse “gênero anfíbio” que, diria o poeta e ensaísta Lêdo Ivo, “pertencendo simultaneamente ao jornalismo e à literatura, assegura a notoriedade e garante o esquecimento”.
O arquivo de Lêdo Ivo, que tem farta correspondência, também está na Reserva Técnica Literária do ims, onde já se reúnem Rachel de Queiroz, Clarice Lispector, Mario Quintana e Carlos Drummond de Andrade. Não que as crônicas de Clarice estejam no ims; permanecem no Arquivo-Museu de Literatura (amlb) da Fundação Casa de Rui Barbosa. Os originais dos romances Um sopro de vida e A hora da estrela, ao que parece, os únicos manuscritos claricianos de que se tem notícia, é que estão sob a guarda do ims.
De Drummond, o ims guarda, desde fevereiro, a biblioteca e alguns documentos pessoais, conjunto que até aquele mês era mantido no apartamento de Copacabana, onde o poeta morou, hoje ocupado pelo bisneto, Miguel, de 4 anos, que, generosamente, cede espaço ao pai, Pedro Drummond.
Se Otto guardou desorganizadamente seu “papelório”, não se diz a mesma coisa de Drummond, que, como define o consultor de Literatura do ims, Eucanaã Ferraz, no prefácio de Biografia de um poema, o poeta era um “burocrata aplicado, paciente, organizado”.[2] Imagina-se com que deleite o autor de “No meio do caminho” fez uma ficha para cada um dos 4 mil livros de sua biblioteca, indicando, com critério personalíssimo, prateleira e estante de cada exemplar. Dispensou o mesmo cuidado às pastas em que conservou as cartas da mãe, Julieta Augusta, e de alguns dos irmãos.
A presença de Drummond se evidencia ainda nas caricaturas que fez para Lygia Fagundes Telles; nos poemas que enviou a Décio de Almeida Prado, na admiração que, por meio de cartas, devotava ao euclidiano Olímpio de Sousa Andrade, todos esses titulares da Reserva Técnica Literária, além de outros.
Na estante do editor Maurício Rosenblatt, é possível degustar a proverbial acidez de Graciliano Ramos na dedicatória da primeira edição de Insônia: “Aqui vão uns contos bem chinfrins”, escreve ao amigo, que parece ter levado a advertência a sério: o exemplar, de 1947, mantém páginas que não foram abertas (caderno fechado).
Por essa e por outras, é preciso entrar com respeito no mundo dos… vivos.
NOTAS
[1] Possuído (por uma ideia fixa).
[2] Andrade, Carlos Drummond de. Uma pedra no meio do caminho: biografia de um poema. (org. Eucanaã Ferraz). São Paulo, Instituto Moreira Salles, 2010, p. 13