Em 2013, quando pensamos em novos programas para a Rádio Batuta, o nome de João Máximo apareceu logo entre os que deveriam se integrar à rádio de internet do IMS. Existem 44 motivos para comprovar o acerto do convite: são os episódios de sua série “Como e por que nascem as canções”.
Referência nos jornalismos esportivo e cultural do país, João tem trajetória profissional intimamente ligada à música. É grande conhecedor de música americana e de trilhas de cinema, e sua presença na história da música brasileira está garantida, se não por outros motivos, pelo livro Noel Rosa – Uma biografia, escrito em parceria com Carlos Didier. Infelizmente esgotado hoje, é caçado em sebos e tido por muitos como a melhor biografia de um artista já produzida no Brasil.
As credenciais acima, úteis para quem ainda não conhece João, foram postas em prático em “Como e por que nascem as canções”. Semana a semana, durante 11 meses, ele foi oferecendo pílulas de seu conhecimento aos ouvintes da Batuta. Está ali uma pequena história das canções brasileiras – que poderia se tornar grande se ele tivesse tempo e assim desejasse.
(Mas lembremos de que um trabalho fundamental foi realizado por Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello nos dois volumes de A canção no tempo, inspiração para outro programa da Batuta.)
Para ficarmos só em Noel, há as histórias de Três apitos, Positivismo, As pastorinhas, O X do problema, Quem dá mais?, O sol nascerá para todos, da paródia de Sussuarana e de Lenço no pescoço, o samba de Wilson Batista que iniciou sua famosa polêmica com o poeta de Vila Isabel. João explica o que está por trás das canções, como as referências que compõem Quem dá mais?, uma crônica de 1930 que se tornou atemporal graças ao leilão permanente que o Brasil faz de si próprio. E Noel a criou aos 19 anos.
Há tramas pouco conhecidas de músicas idem (ao menos hoje), casos de O telefone do amor. E há outras já bem repisadas, mas que João conta com humor e autoridade. Entre estas, Pelo telefone, Antonico, Copacabana e O que é que a baiana tem?.
Este texto procura ressaltar a importância desse trabalho de João e reforçar o convite para que os interessados em música brasileira o escutem.
Na Batuta, também é possível ouvir Vinicius – Poesia, música e paixão, o mais completo documentário já feito sobre Vinicius de Moraes, cujo centenário se comemorou em 2013. João empreendeu a série de 32 capítulos para a Rádio Cultura de São Paulo em 1993, por ocasião dos 80 anos do poeta. E a Batuta, em parceria com a Cultura, tornou-a novamente acessível.
“Como e por que nascem as canções” terminou em abril, e João agora se dedica a outros projetos para a Batuta, como dois documentários: um sobre o jornalista e pesquisador Lúcio Rangel, cujo centenário se completa agora em maio. E outro, amplo, sobre Cole Porter, previsto para setembro e outubro. O compositor americano morreu há 50 anos.
Enquanto os documentários não chegam, pode-se ouvir como e por que nasceram algumas das melhores canções brasileiras.
Luiz Fernando Vianna é coordenador de internet do IMS.