A herança de Steinberg – quatro perguntas para Laerte

Quatro perguntas

02.09.11

A exposição As aventuras da linha, com obras do ilustrador norte-americano Saul Steinberg, chegou a São Paulo e ficará em cartaz a partir deste sábado (3/9) na Pinacoteca do Estado. Steinberg, consagrado pelo traço minimalista, influenciou gerações de cartunistas e ilustradores com a sua perfeita equação de tempo, espaço e mensagem. No Brasil, onde foi publicada a primeira capa de revista de sua carreira, a Sombra (mais tarde ele se consagraria na The New Yorker), teve a obra apreciada e elementos de duas ilustrações diluídos nos trabalhos de cartunistas como Laerte Coutinho, colaborador do jornal Folha de S. Paulo, criador da série Piratas do Tietê, Muriel e mais recentemente a elogiada Manual do Minotauro. Laerte, de 60 anos, respondeu a quatro perguntas do Blog do IMS sobre Steinberg.

Qual é a medida de influência de Saul Steinberg na sua obra?
Minha geração encontrou essa influência já presente no traço dos nossos mestres: Fortuna, Ziraldo, Millôr Fernandes, Zélio – o que amplia o efeito do contato direto com o trabalho de Steinberg. Ao mesmo tempo, bebemos muito na fonte do underground americano dos anos 60 e 70, que representa uma proposta estética quase oposta à concisão e à precisão dele.

Como aconteceu o seu contato com o traço de Steinberg?
Foi por intermédio do Zélio [Alves Pinto, ilustrador, jornalista, cartunista, um dos fundadores de O Pasquim]. Eu frequentava o estúdio dele, que nos franqueava a rica biblioteca e nos ciceroneava pelo mundo da ilustração.

Se você tivesse de listar motivos para convencer alguém que pouco ou nada sabe a respeito da obra do ilustrador, quais seriam?
Acho que procuraria mostrar como expressões gráficas modernas têm origem nas descobertas que ele fez. Pra falar a verdade, quanto mais eu vejo aparecer impresso sobre o seu trabalho, mais me convenço de que também sei pouco!

Um dos principais traços da obra de Steinberg é a objetividade e economia do traço. Para você que é cartunista, como é o trabalho para equacionar mensagem e espaço?
Steinberg ensinou a trabalhar com o “branco”, a presença do vazio e do que não está mencionado expressamente, mas se exprime com clareza. Não sei medir essa lição dentro do meu trabalho. Com o tempo, a gente opera certas dinâmicas no automático – vai ficando nebulosa a relação com determinados aprendizados específicos.

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