Atenção às linhas

Fotografia

09.02.17

Ao ingressar no turno noturno do colégio Pedro II, no início de 2016, para começar o ensino médio, o adolescente Matias Vaisman, do Rio de Janeiro, decidiu aproveitar os dias livres para fazer algum curso extra. A escolha foi mais que óbvia para o garoto que já gostava de fotografar todas as viagens que fazia com os avós e os pais. Dessa maneira, nas aulas de (até agora) dois cursos de fotografia, ele foi aprimorando técnica, escolhendo ângulos de composição e ampliando seu campo de interesse para além dos passeios com a família: passou a focar também em paisagens bem mais próximas, registrando detalhes de ruas e outros espaços do Rio de Janeiro, da Praça Mauá e do quartel do Corpo de Bombeiros (na Praça da República), até o Parque Lage e o Jardim Botânico. E, mais recentemente, a casa e os jardins do Instituto Moreira Salles, na Gávea, que aparecem em inspiradas fotografias do jovem de 16 anos.

“Quando comecei o primeiro curso passei a me interessar bastante pela história da fotografia, achei muito bom. A cada aula aumentava mais a minha vontade de tirar fotos. E com as técnicas que fui aprendendo ficou muito mais fácil fotografar, passei a me interessar pela parte mais artística, pelas formas”, conta Matias, que também conta com o apoio e as dicas preciosas do pai, Duda Vaisman, diretor de cinema e TV. “Ele me mostrou ângulos de composição, disse que seria legal tentar achar uma linguagem que fosse minha. Sempre quis tentar criar algo minimamente diferente”.

As imagens registradas durante algumas visitas ao IMS-RJ – para ver as exposições Modernidades fotográficas, 1940-1960 e Otto Stupakoff: beleza e inquietude, foram feitas por Matias com uma máquina mais sofisticada emprestada por um tio assim que o sobrinho decidiu investir nos cursos, e todas mostram uma sensibilidade acurada para captar detalhes. “Nunca gostei de tirar fotos de pessoas. Então direcionei para a arquitetura, para as linhas”, diz. A fonte no pátio, o painel de azulejos criado pelo paisagista Burle Marx, os peixes no lago, a piscina e a casa projetada por Olavo Redig de Campos em 1948 – considerada um marco da arquitetura modernista dos anos 50 – ganharam recortes e ângulos que valorizam o conjunto.

Matias Vaisman
Matias Vaisman
Matias Vaisman

 

O IMS aparece em imagens coloridas e em preto e branco, embora Matias confesse uma predileção pela segunda opção. “Tenho mais facilidade para fotografar em preto e branco. Quando vou tirar uma foto colorida, a cor tem que ser a principal razão da imagem. Se ela ficar interessante das duas formas, mas a cor não for tão importante, então prefiro PB”, observa ele, que também gosta de brincar com as imagens na edição, estourando cores, aumentando contraste ou brilho. “Não vejo problema em editar, até porque assim as imagens costumam ficar mais próximas da realidade, do que você viu na hora de fotografar. Conversamos sobre isso nos cursos, e a única exceção é a foto jornalística. Aí realmente não dá para botar ou tirar informações da imagem”.

Uma faculdade de jornalismo, aliás, chegou a constar nos planos de Matias. No momento, porém, ele já namora o caminho do cinema e, como qualquer adolescente, ainda carrega muitas dúvidas e perguntas sobre o futuro. “Acho possível que eu mude de ideia novamente, como já mudei outras vezes. Mas hoje realmente estou gostando de chegar em casa e ficar horas separando as fotos, editando”, conta ele, que “contaminou” a irmã Marina, de 11 anos, com a mesma paixão. “Ela adora fotografar”.

Seja qual for a escolha futura de Matias, uma breve olhada no perfil que ele mantém no Instagram (@matiasvaisman), onde posta imagens praticamente todos os dias, revela que hoje ele já encara e produz fotografia como arte de gente grande.

Matias Vaisman
Matias Vaisman
Matias Vaisman

,