Alice Brill (1920-2013)

Por dentro do acervo

30.06.13

 

A fotógrafa Alice Brill morreu no sábado, 29 de junho, em Itu (SP). Ela, cuja coleção de 14 mil negativos passou para a guarda do IMS em 2000, trouxe a fotografia na bagagem quando veio da Alemanha para o Brasil, fugindo do nazismo. Alice tinha 14 anos quando a família aqui desembarcou em 1934 para encontrar a mãe, que viera na frente, e trazia na bagagem “uma minicâmera Agfa, tipo caixão”, que fazia fotos 3×4 e com a qual registrou suas impressões da viagem por Espanha e Itália, que precedeu a aprovação dos papéis de imigração. A câmera era presente do pai, Erich Brill, um pintor viajante e artista plástico que, dois anos depois, não tendo se firmado em São Paulo, voltou à Alemanha e morreu em 1942 num campo de concentração.

Alice seguiu seus passos profissionais com firmeza, fazendo-se artista plástica, gravadora e ensaísta, além de fotógrafa. Já em 1940 frequentava o Grupo Santa Helena, associação informal de pintores paulistas, onde teve como mestres Paulo Rossi Ozir, Aldo Bonadei, Yolanda Mohaly, Poty e Hansen Bahia. Em 1946, ganhou uma bolsa de estudos e por um ano e meio estudou em Albuquerque, no Novo México, e na Art Student’s League de Nova York, aprimorando-se em desenho, pintura, escultura, gravura, história da arte, literatura, filosofia e fotografia.

De volta ao Brasil, logo começou a trabalhar para a revista Habitat, documentando arquitetura e artes plásticas. Até o fim dos anos 1950, faria da fotografia sua atividade principal. Desde sua participação na I Bienal de São Paulo, em 1951, Alice Brill realizou mais de cem exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, e dedicou-se à crítica de arte, sobretudo em artigos publicados no jornal O Estado de S.Paulo e reunidos no livro Da arte e da linguagem (Ed. Perspectiva, 1988). Também de sua autoria são Mário Zanini e seu tempo (Ed. Perspectiva, 1984) e Flexor (Ed. Edusp, 1990).

Em 2005, o IMS organizou a retrospectiva O mundo de Alice Brill. Em sua obra de notável diversidade temática, destacam-se os conjuntos em que retratou a cidade de São Paulo em processo de modernização sob vários ângulos, como se buscasse compor um painel exaustivo, do luxo das mansões de Higienópolis ao mundo do trabalho – e que lhe valeram participação na exposição e no livro São Paulo 450 anos: a memória e as imagens da cidade no acervo do Instituto Moreira Salles, em 2004. Foi também uma talentosa retratista, com olhar especialmente lírico para a infância, e documentou viagens a Ouro Preto, Salvador e Xingu.

Alunos da escola Waldorf, São Paulo, c. 1957

 

Realejo na praça do Patriarca, São Paulo, c. 1953

 

Banca de jornal no centro de São Paulo, c. 1953

 

Vale do Anhangabaú sob o viaduto do Chá, São Paulo, c. 1950

 

Procissão no Vale do Anhangabaú. São Paulo, c. 1950

 

Vale do Anhangabaú. São Paulo, c.1953

 

Fila de ônibus no Vale do Anhangabaú. São Paulo, década de 1950

 

Cafezinho no largo do Paissandu, São Paulo, c. 1954

 

Túnel Nove de Julho. São Paulo, c. 1953

 

Empório na esquina das ruas Prof. Alfonso Bovero e Tucuna, na Pompéia. São Paulo, c. 1953

 

Travessa do Comércio, Rio de Janeiro, c. 1965

 

Centro do Rio de Janeiro, c. 1965

 

Crianças, São Paulo, década de 1950

 

Retrato de menina. São Paulo, década de 1950

 

Francisco Rebolo Gonsales com a filha Lisbeth, em sua residência no Morumbi, São Paulo, c. 1951

 

Família Wongtschowski em São Paulo, c. 1955

 

Burle Marx em frente a painel de sua autoria, executado pelo ateliê da Osirarte, em São Paulo, na década de 1950

 

Victor Brecheret ao lado de escultura, parte integrante do Monumento às Bandeiras. São Paulo, c. 1952

 

Mario Cravo no ateliê, ao lado de sua obra O Cangaceiro. Salvador, 1953

 

Internos no ateliê da Escola Livre de Artes Plásticas, no Hospital Psiquiátrico do Juquery. Franco da Rocha, 1950

 

Internos no ateliê da Escola Livre de Artes Plásticas, no Hospital Psiquiátrico do Juquery. Franco da Rocha, 1950

 

Interna no ateliê da Escola Livre de Artes Plásticas, no Hospital Psiquiátrico do Juquery. Franco da Rocha, 1950

 

Internos no pátio do Hospital Psiquiátrico do Juquery. Franco da Rocha, 1950

 

Interno no ateliê da Escola Livre de Artes Plásticas, no Hospital Psiquiátrico do Juquery. Franco da Rocha, 1950

 

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