Por trás das imagens

Fotografia

21.06.16

Mais que um livro de fotografias, O instante certo é um livro sobre fotografias célebres – e não necessariamente históricas – que inspiraram 38 ensaios escritos entre 1995 e 2016 pela jornalista Dorrit Harazim e publicados originalmente para leitores tão diferentes quanto os da extinta revista eletrônica no.com, a semanal Veja, a mensal piauí, a semestral ZUM e seu site homônimo, onde Dorrit manteve uma coluna regular da qual brotou O instante certo. Trata-se, segundo ela, de “uma coletânea de histórias por trás das imagens”, convite a “uma espécie de viagem sem roteiro, cujo destino final será sempre uma vinheta da vida e seus solavancos”. O livro da Companhia das Letras (382 páginas, R$ 64,90) terá noite de autógrafos nesta quarta-feira, a partir das 19h, na Argumento do Leblon (Rua Dias Ferreira, 417), no Rio de Janeiro.

A jornalista Dorrit Harazim, que lança O instante certo pela Companhia das Letras (Renato Parada)

A jornalista Dorrit Harazim, que lança O instante certo pela Companhia das Letras (Renato Parada)

O que Dorrit chama de “a parte mais robusta” de O instante certo trata do dia a dia de repórteres fotográficos. “Alguns dos fotógrafos citados eu conheci de perto; com outros cruzei acidentalmente ao longo da minha vida de repórter. A maioria viveu e olhou o mundo em épocas anteriores à minha – apenas me enfeitiçaram com as imagens que deixaram.” Dos flagrantes de guerras ao do suicídio da moça que saltou do Empire State sobre o capô de um carro; da imagem síntese da história do movimento pelos direitos civis na cidade de Selma (EUA) às novas cores do Império Russo; dos horrores da fome na África ao enforcamento de negros em Indiana (EUA) nos anos 1930, o livro coleciona grandes momentos de “narradores da história visual”.

“À primeira vista o personagem central dos textos aqui reunidos é a fotografia (…), mas não é bem isso”, avisa Dorrit aos “praticantes do ofício”. Mais interessada nos aspectos humanos do que técnicos dos fotogramas selecionados, a jornalista escreveu seu primeiro livro “mais voltado para curiosos em geral”. Os textos podem ser lidos em ordem aleatória, “uma vez que nada os conecta além da minha curiosidade por certos flagrantes da história”.  Dorrit busca “o lado avesso do que está nas fotos – o que houve antes e depois do clique, o porquê de a foto existir”.

Neste “conjunto de textos sem fio condutor aparente”, Dorrit Harazim expõe impressões passíveis de muitas outras leituras. Segundo ela, “o que uma pessoa vê ou deixa de ver numa foto mostra um pouco como ela é. Dorrit é, seguramente, uma das mais respeitáveis cabeças pensantes do jornalismo brasileiro, com passagens pelos principais veículos de comunicação do país. Detentora de quatro prêmios Esso, foi a primeira brasileira a receber o prêmio Gabriel Garcia Márquez de Jornalismo, na categoria Excelência.

A capa de O instante certo tem o requinte da interpretação gráfica de Cecília Marra. O livro é dedicado ao jornalista Marcos Sá Corrêa, amigo de muitos anos e parceiro de Dorrit em um punhado de projetos profissionais.

Algumas das fotografias do livro:

Fotografia de Sergei Prokudin-Gorskii, em As novas cores do império russo (Biblioteca do Congresso/EUA)

Fotografia de Sergei Prokudin-Gorskii, em As novas cores do império russo (Biblioteca do Congresso/EUA)

Fotografia de Alexander Gardner, em A fotografia descobre a América (Biblioteca do Congresso/EUA)

Fotografia de Alexander Gardner, em A fotografia descobre a América (Biblioteca do Congresso/EUA)

Fotografia de Lawrence H. Beitler, em O cidadão Meeropol (Biblioteca do Congresso/EUA)

Fotografia de Lawrence H. Beitler, em O cidadão Meeropol (Biblioteca do Congresso/EUA)

Fotografia de Eddie Adams, em A chave (AP/Wide World Photos)

Fotografia de Eddie Adams, em A chave (AP/Wide World Photos)

MAIS

Jornalista Dorrit Harazim lança livro com textos para ZUM e outros ensaios 

, ,