O público tem até o dia 20 de novembro para conferir no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro a simbiose entre arquitetura e sonoridade promovida pelo albanês Anri Sala na casa da Gávea. Para quem ainda não conhece o trabalho do artista, a exposição Anri Sala – O momento presente funciona como um eficiente cartão de visitas de uma obra múltipla, que mistura vídeo, instalação, fotografia e objetos. Nesta entrevista feita pela curadora da mostra, Heloisa Espada (em vídeo de Laura Liuzzi), Sala volta a falar da importância dos espaços físicos e dos sons em seu trabalho, do impacto que a beleza da casa provocou nele, e de como pensou a mostra a partir desta forte impressão.
A primeira proposta do artista foi criar uma interação entre as partes internas e externas da casa e, com isso, mudar o percurso natural de visitação. Não para recompor as áreas, como ele mesmo diz, “pois são belas como foram criadas pelo arquiteto”, e sim para “atravessá-las e compor a trajetória possível do visitante”. Para ele, esse encontro entre obra e público exercita a subjetividade de cada um, possibilitando o surgimento de várias e únicas maneiras de “apreciar, compreender ou entrar em contato com a exposição”.
Quem percorre a mostra no IMS percebe como o som é parte indissociável do trabalho de Sala. Ela está presente nos vídeos Answer me, Long sorrow, Le Clash e Tlatelolco Clash, entre outras obras. Na entrevista ele também aborda a questão do som, para ele igualmente ligada à ideia do momento, o momento presente, que perpassa toda sua produção. “O som é sempre um elemento importante no início das minhas ideias, mas também no modo com que ele chega ao ouvinte. Esse modo não depende apenas de como o som foi gravado, mas também de como ele é reencenado no local da exposição”. Um conceito que fica mais evidente na instalação Doldrums, em que as baquetas instaladas em quatro tambores pendurados de cabeça para baixo no teto vibram a partir de uma trilha composta por Sala em sua busca, como ele diz, de “tornar o som visível”. “Sempre trabalho como se a música fosse um ser. Faço coisas com a música como faço coisas com um ser.”