André Parente

André Parente

O que se vê, o que se ouve

Em cartaz

20.10.16

Construída a partir de sons e imagens que se relacionam em várias camadas de significados – políticos, históricos, pessoais – nem sempre fáceis de serem compreendidos de imediato, a obra do artista albanês Anri Sala pede ao público que “ouça o canto das sereias” e faça um movimento real de aproximação, caso queira de fato usufruí-la. A observação foi feita por André Parente, artista e teórico do cinema e novas mídias, que no dia 15 de outubro participou do projeto Conversas na Galeria, coordenado pelo setor educativo do Instituto Moreira Salles.  Na palestra, Parente discorreu sobre a obra do artista a partir de alguns dos trabalhos que integram a exposição Anri Sala: o momento presente, em cartaz no IMS-RJ até dia 20 de novembro.

“A relação entre o que estamos vendo e o que estamos ouvindo perpassa toda a obra dele”, disse Parente, autor de livros como Narrativa e modernidade, Tramas da rede e Cinema em trânsito, entre outros. “Uma das principais questões de Sala é criar, a partir de um ato sonoro, uma espécie de relação estética para tentar trazer à tona uma problemática histórica ou de um personagem”.

Parente falou principalmente sobre “Le Clash” e “Tlatelolco Clash”, videoinstalações sonoras que têm como base a música “Should I Stay or Should I Go”, da banda inglesa The Clash, ouvida em caixinhas de música ou realejo, versões bem distintas da sonoridade original. “Nem sempre os trabalhos de arte sonora têm a ver com a música. A particularidade, no caso de Sala, é que de fato há uma música. Vamos ter, por um lado, situações de personagens ou traumas históricos, e por outro alguma coisa que é da ordem do sensível, capaz de despertar na gente algo que nos faz acordar diante desses traumas ou personagens. Ou simplesmente desenterrá-los, trazê-los à tona”.

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