A poesia no palco – quatro perguntas para Antonio Cicero

Quatro perguntas

17.11.14

O poeta, letrista e filósofo Antonio Cicero está respondendo no palco à pergunta O que é poesia? Este é o título da aula-show que ele vem apresentando no Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro, sob direção do artista plástico Luciano Figueiredo. A próxima sessão é no próximo dia 19, às 19h30. Ele também é um dos quatro escritores que participam do DVD Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade, lançado em outubro pelo IMS.

Na aula-show, ele lê, comenta e mostra (em projeções) versos de Drummond, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Augusto de Campos e outros.

1. Você escreve que “não se pode ler um poema como se lê um texto qualquer, tal como um artigo de jornal, um email, uma bula de remédio etc.”. De certa forma, é paradoxal uma aula-show sobre algo que exige concentração e até solidão, como a poesia?

Não. A poesia homérica era apreciada em banquetes homéricos. A de Virgílio, pela corte imperial, quando ele a recitava. Grande parte da poesia de Shakespeare, de Racine e de tantos outros era apreciada por plateias de teatros. Entre outras coisas, a aula-show pretende mostrar como, abandonando-se o espaço-tempo cotidiano, convencional, instrumental, entra-se no espaço-tempo da poesia.

2. Diante das incontáveis opções, como você chegou aos poemas escolhidos?

Através de muitos anos de leitura e reflexão.

3. Você é um dos quatro participantes do DVD “Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade”, lançado pelo IMS. E há poemas de Drummond na aula-show. Como a obra dele está presente no seu trabalho e na sua vida?

Leio Drummond desde a adolescência. Como tanta gente, eu também o considero o maior poeta que o Brasil já teve.

4. Como você é um letrista que não canta, o palco não é o seu habitat natural. Como está sendo essa experiência e até que ponto é um mal necessário, para o artista e para o intelectual de hoje, participar de festas literárias e outras atividades públicas?

Não é de hoje que os poetas não vivem do seu trabalho poético. Antigamente, eles tinham que ter empregos, em geral no Estado ou na imprensa, ou dando aula. Recentemente, principalmente depois da Flip, tem havido muitos festivais literários, onde os poetas recebem algum pro-labore para dizer poemas e falar sobre o que escrevem, assim como sobre literatura, filosofia etc. Na verdade, tenho a impressão de que nesse trabalho eles estão menos distantes da poesia do que estavam nos empregos de antigamente.

, ,