Em nota publicada dia 27 de maio pelo jornal Folha de S.Paulo na coluna Painel das Letras, assinada por Maurício Meireles, a historiadora Lilia Moritz Schwarcz teria afirmado que houve uma montagem na fotografia de Antonio Luiz Ferreira, que registrou, em 17 de maio de 1888, a missa campal realizada no Rio de Janeiro para celebrar a Abolição da Escravatura. Foi dito na coluna que os rostos de personalidades, entre elas Machado de Assis, que aparecem no palanque onde estava a Princesa Isabel, foram encaixados “de forma artificial” pelo fotógrafo.
A mesma coluna Painel das Letras do dia 3 de junho faz correções. Numa delas a historiadora Lilia Schwarcz diz “não assegurar que a imagem tenha sido manipulada” ou que Machado de Assis tenha sido “incluído artificialmente ali”, pois o escritor “não é alvo de sua pesquisa”. A coluna relata também que o Instituto Moreira Salles, “detentor da imagem”, reagiu afirmando “não haver evidência de manipulação da fotografia”. E que “a inclusão de personagens nela seria impossível sem deixar vestígios”.
Esta imagem de Antonio Luiz Ferreira está desde 2008 no acervo do IMS – veio com a Coleção de Dom João de Orleans e Bragança – e foi publicada em 2015 no portal Brasiliana Fotográfica, parceria firmada entre o Instituto Moreira Salles e a Biblioteca Nacional.
Na verdade, o Instituto Moreira Salles disse mais do que está registrado na correção do jornal, que se trata de um resumo da nota enviada ao titular da coluna Painel das Letras. Leia a íntegra:
“É um sério erro afirmar que houve manipulação ou montagem na foto feita por Antonio Luiz Ferreira da missa em ação de graças pela Abolição da Escravatura no dia 17 de maio de 1888 no Campo de São Cristóvão, Rio de Janeiro. A foto está no acervo do Instituto Moreira Salles desde 2008 e junta-se a outras mais de 700 que fazem parte da Coleção de Dom João de Orleans e Bragança.
O original de época em papel, assinado pelo fotógrafo, tem 28,5cm x 51,5cm. A foto é panorâmica. Abarca a multidão de milhares de pessoas que compareceu à missa. Seu foco não é o palanque que está no canto esquerdo da imagem onde ficaram a Princesa Isabel e um conjunto de personalidades. Neste conjunto, figura o rosto de Machado de Assis, que mede no original aproximadamente 5 milímetros. Tomar a parte pelo todo leva a grave equívoco.
Para uso em exposições e no portal de internet Brasiliana Fotográfica, parceria firmada em 2015 entre o IMS e a Biblioteca Nacional, a imagem foi magnificada. Em 2015 percebeu-se, com uso de zoom, que entre os rostos de personalidades estava o de Machado de Assis.
A implantação no original da foto de vários rostos em corpos que supostamente não lhes pertenciam seria impossível sem deixar vestígios. E não há vestígios. A imagem mostra que todas as passagens e gradação de tons entre os rostos ali registrados são contínuas e sem nenhuma evidência de montagem.”