O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro abrigará neste domingo, dia 19, o encontro de dois grandes físicos com muita química. Unidos tanto pela amizade como também pelas pesquisas no campo da física quântica, o francês Serge Haroche, Prêmio Nobel de Física em 2012 (dividido com o americano David Wineland), e o brasileiro Luiz Davidovich, professor titular do Instituto de Física da UFRJ e presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), vão conversar com o jornalista Bernardo Esteves, da revista piauí. O debate, promovido pelo IMS e pela ABC, acontecerá às 17h no cinema do IMS do Rio, logo após a exibição do filme Copenhagen (2002), de Howard Davies, que faz um recorte sobre a parceria entre outros dois cientistas, o dinamarquês Niels Bohr e o alemão Werner Heisenberg.
Os experimentos de Haroche e Davidovich na área da ótica quântica são considerados passos fundamentais para a criação, no futuro, de computadores superpoderosos que vão revolucionar o que conhecemos como inteligência digital. Haroche, que visita o Brasil regularmente há mais de 30 anos – sua primeira passagem pelo país foi em 1983, participando de um acordo firmado entre CNRS (Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França) e o CNPq –, conquistou o Nobel ao liderar uma das duas pesquisas (a outra foi comandada por Wineland) sobre manipulação de partículas quânticas. Um trabalho extremamente delicado, porque as partículas costumam mudar de estado diante de sua mera observação. Com a colaboração do carioca Davidovich – o primeiro cientista a falar de teletransporte quântico, num artigo publicado em 1993 –, Haroche desenvolveu, ao longo de 16 anos, uma espécie de armadilha ótica para capturar fótons (partículas de luz) e assim poder analisá-los com precisão em seu estado natural, sem modificá-los.
E se as pesquisas sobre interação entre luz e matéria desenvolvidas por Haroche – professor da École Polytechnique, da Universidade Pierre e Marie Curie e do Collège de France, e integrante da Academia de Ciências da França, da Academia Europeia de Ciências e da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos –, e por Davidovich – membro da Academia Mundial de Ciências para o Progresso da Ciência em Países em Desenvolvimento (TWAS) e da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos – podem beneficiar a Humanidade com o desenvolvimento de supercomputadores, entre outros usos para os experimentos, a parceria entre Bohr e Heisenberg, retratada em Copenhagen, é lembrada por um resultado que ainda assombra o mundo. As pesquisas de ambos ajudaram a criar as diretrizes para a construção da bomba atômica, e isso acabou afastando os dois cientistas: enquanto o dinamarquês, já trabalhando nos Estados Unidos, para onde se mudou fugindo do nazismo no continente europeu, alertou as autoridades americanas e inglesas sobre os perigos de uma bomba dessa magnitude, Heisenberg liderou, na Alemanha, o programa de construção do artefato. Bohr, que se tornaria um militante do pacifismo, decidiu romper com o colega alemão.
O filme, baseado na peça homônima de Michael Frayn, reconstitui o encontro ocorrido entre Bohr (vivido por Stephen Rea) e Heisenberg (Daniel Craig) em Copenhagen, em 1941, quando a Segunda Guerra castigava a Europa e os cientistas já estavam separados pelas diferenças ideológicas, em lados opostos do conflito.
Serviço
Exibição do filme Copenhagen (2002), de Howard Davies, dia 19, às 17h, seguido de debate com Serge Haroche e Luiz Davidovich. Mediação de Bernardo Esteves.
Os ingressos estão esgotados.