Labaredas da carne

Correspondência

12.12.11

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Grande Guru, 

Ah, os nossos ministros não nos decepcionam… Leio no Ancelmo que o Aldo Rebelo sugeriu, em seu nacionalismo de anedota, que o mascote da Copa de 2014 fosse o Saci Pererê. Felizmente havia uma mulher na sala, a também ministra Gleise Hoffmann, que lembrou ao colega que pegava mal: o Saci Pererê, afinal, é perneta. Será que eu e ela não captamos alguma ironia? Alguma menção cifrada ao time do Botafogo?

No dia seguinte, leio a pretensa explicação no mesmo Ancelmo. “O saci é um craque”, telefonou-lhe o ministro dos Esportes. “Com uma perna só, faz mais que muita gente com duas. Nas minhas consultas, os três mais cotados para a vaga de mascote são, respectivamente, a onça pintada, o Saci e a arara.” Candidato a ministro passa por psicotécnico ou antidoping, caro doutor Blanc? Porque das declarações depreendo o seguinte: Aldo Rebelo já viu o Saci pedalar na frente do Caipora na pelada da firma.

No caso do Carlos Lupi, porém, não consigo deixar de sentir certa dor. Não pelo Lupi. Não dá para comprar quilos de jornal velho dele, é óbvio. Nem, tampouco, pelo PDT. E sim pelo homem que o fundou, o Brizola. Já fui brizolista, meu amigo, de tal forma que não estou bem certo de que o pretérito perfeito se aplique no começo desta frase. Cheguei a coassinar um manifesto de jornalistas em favor da sua candidatura à presidência nas eleições de 1989. Acho que o Engenheiro – quando assessorado por gente da estatura de Darcy Ribeiro – enxergou o óbvio que hoje todos repetem, com maior ou menor convicção: só a educação promove a ascensão social de maneira sustentável, perdão por palavra tão vulgarizada. Os Cieps são horrendos de se ver e penosos de se frequentar, mas serviam a essa boa causa. Na penúltima eleição, ainda votei no professor e senador Cristovam Buarque, herdeiro da cruzada pela educação.

E o Brizola sacou antes de todo mundo que democracia, para valer, não pode se contentar em ser apenas “o governo da maioria…” Precisa ser também “que respeita as minorias”. No caso dos negros no Brasil, não estou certo que essa palavra se aplique, mas o importante é que – atraindo gente da estatura de Abdias Nascimento – o Engenheiro deu relevo à questão. Essa sensibilidade para com as minorias evitaria que petistas triunfalistas quisessem passar o rodo nos eleitores que não sufragaram nem o Lula nem a Dilma. Perdoe-me se soo catequético. É sintoma do meu persistente apreço pelo Brizola, apreço que torna o Lupi doloroso.

A última vez em que vi o Brizola foi no free shop do Galeão. Era o final de um feriadão. Semana Santa talvez. Eu voltava do Chile. Ele, suponho, do Uruguai. Embora o lugar estivesse lotado de brazucas atrás de máquinas fotográficas (como eu) e de outros badulaques nem sempre baratos, bastou o Engenheiro adentrar o recinto para ter-se a impressão de que todas as luzes haviam sido suavizadas e um spot poderoso tivesse sido aceso para acompanhar apenas os seus passos entre as prateleiras. Carisma, saca? Dos que vi pessoalmente, Luiz Carlos Prestes tinha. Lula, também. Fernando Henrique, um pouco menos. Dilma, não faço ideia, nunca cruzei com ela em qualquer cerimônia.

Brizola não era perfeito, claro. Vacilou feio ao confundir o combate à notória truculência policial contra os favelados e o uso de leniência para com a bandalha e o crime. O Rio ainda vai demorar a se recuperar do estado de laissez-faire. Vacilou feio ao eleger os seus sucessores no PDT, tanto que acabou atraiçoado. Cesar Maia, que, por sua vez, foi traído por Conde e por Paes. Garotinho, traído pela imensa cara de pau. Logo, faz sentido que Lupi proclame, no site do partido, ter sido preparado pelo próprio Brizola para ser seu herdeiro. Se olharmos a série histórica, nisso ele não está mentindo.

Aliás, por falar em pentelho, fiquei muito impressionado com a Bárbara Evans, filha da Monique, nas páginas da Playboy. A moça é linda, loura, tem 20 anos na cara e, entre as pernas, uma paradinha glabra e cheinha, outrora conhecida como “Capô de Fusca”. Nudez de bom gosto, nada de posições para ginecologista ver. Não sei se você se lembra, mas no falecido site NoMínimo, eu tive durante doze meses uma coluna intitulada “A Playboy do Dapieve”. Eu bancava o ombudsman da revista. Anunciava qual era a entrevista, destacava uma ou duas matérias e analisava, com extrema frieza técnica, claro, a churrascaria rodízio que, afinal, é o que nos faz comprar a Playboy. A Bárbara Evans quase me fez bancar uma edição extraordinária e temporã daquela coluna. Sinto, contudo, que as palavras me faltariam, e o texto se resumiria a 735 “arf”.

Pode-se argumentar, em abstrato, que a chavasca raspadinha excite a pedofilia que lateja em nós. Discrepo, nesse caso. O volume dos seios de Barbara deixa claro que ela é uma mulher crescida, apesar de bastante jovem. São grandes, bonitos e aparentemente naturais, com a dobrinha na parte de baixo. Nada daqueles insossos balões de gás das cachorras marombeiras, que estacionam no cirurgião plástico e dizem “enche o tanque”. A Bárbara… Bem, a Bárbara… Licença que eu vou apagar as labaredas na minha carne.

Abração,

Arthur

* Na imagem da home que ilustra este post: Bárbara Evans na capa da revista Playboy deste mês

 

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