Corpos em resistência e aliança
Carla Rodrigues
28.08.18
Em seu novo livro, Judith Butler marca a importância da materialidade do corpo na discriminação entre corpos que importam e corpos que pesam. É uma forma de apontar como as demandas básicas do corpo estão no centro das mobilizações políticas.
O poder da desobediência
Camila von Holdefer
24.07.18
Pode-se concordar ou não com alguns comentários e conclusões de Hannah Gadsby no stand-up Nanette. No entanto, o formato escolhido pela comediante é tanto o ponto de partida quanto a concretização de uma busca mais ampla por liberdade.
Era Hilda Hilst feminista?
Carla Rodrigues
16.07.18
A homenageada da Flip 2018 talvez tenha sido feminista antes de o feminismo se estabelecer como militância política, antes mesmo de o termo vir a designar essa ampla gama de reivindicações de direitos das mulheres sobre seus corpos, seus sexos, suas vidas.
2018 e suas memórias
Carla Rodrigues
16.05.18
Recebi um convite para uma reunião da turma da escola, 40 anos de conclusão do segundo grau. Penso nesses 40 anos quando vejo em torno de mim todas as homenagens aos 50 anos de Maio de 1968, seu espírito revolucionário, suas promessas de futuro que ainda estão aí, ora nos assombrando como fantasmas, ora nos animando a ir às ruas de novo e mais uma vez. Há debates, livros, seminários, e há sobretudo o fato de que, se na França ou na Alemanha 1968 é um marco em direção a um novo futuro, no Brasil é o ano do assassinato, pela polícia, do estudante Edson Luís, da Passeata dos Cem Mil e da decretação do AI-5.
Mulheres, sem espanto ou desdém
Camila von Holdefer
19.04.18
Projetos e ações que incentivam a leitura de literatura produzida por mulheres têm sido onipresentes. Alguns pontos, no entanto, podem ser ajustados. Partindo de uma leitura de Siri Hustvedt, Camila von Holdefer discute o que ainda precisa ser feito.
A responsabilidade das mulheres
Carla Rodrigues
12.04.18
Gênero e desigualdades – limites da democracia no Brasil, de Flávia Biroli, cumpre um papel histórico de registro do que diversos movimentos de mulheres está fazendo no Brasil contemporâneo, com maior ou menor sucesso, com mais ou menos risco de vida. Precisa ser lido como um trabalho atravessado pelo embate entre os movimentos de mulheres negras e a pauta de reivindicações das feministas brancas.
A guerra no Rio que tem rosto de mulher
Carla Rodrigues
07.03.18
Contrariando o que escreveu a russa Svetlana Aleksiévitch, autora de A guerra não tem rosto de mulher, há no Rio de Janeiro uma guerra muito específica que tem o rosto das mulheres que recorreram ao serviço de saúde em situação de abortamento e acabaram presas. Se por um lado tivemos um governador capaz de afirmar que as mulheres pobres eram “fábrica de marginais”, por outro temos essas mesmas mulheres pobres, já constrangidas pela situação precária em que vivem, sendo denunciadas e presas quando recorrem, em situação de extrema vulnerabilidade física e emocional, à rede pública de saúde.
Viva o feminismo agonístico
Carla Rodrigues
16.01.18
É uma imensa alegria ver feministas debatendo violência contra as mulheres, assédio sexual em ambientes profissionais e submissão de mulheres aos privilégios dos homens, como aconteceu na semana passada. Gostaria de ir além e abordar uma questão de método, argumentando que hoje os feminismos carregam, na política, uma dupla potência.
Feminismo radical, justiças históricas e injustiças particulares
Carla Rodrigues
21.11.17
Não me parece coincidência que a corrente das feministas radicais esteja fazendo tanto barulho no Brasil desde 2013, principalmente nas redes sociais. Até então, tínhamos uma tradição de associar movimentos feministas com lutas progressistas por justiça social, em que pese as valiosas críticas do predomínio do feminismo liberal branco entre nós. Hoje enfrentamos uma onda neoconservadora contra a liberdade, fundamentada na articulação entre leis e mercado, num estado securitário e autoritário e no pânico moral muitas vezes mobilizado pelas radfems.
Duas vezes Judith Butler no Brasil
Carla Rodrigues
30.10.17
A segunda vinda de Judith Butler ao Brasil provoca reação de grupos radicais de direita, que insistem em encontrar na filósofa americana aquilo que ela não é: nem a primeira e principal formuladora da teoria queer nem a inventora do gênero como construção social. O que está em pauta são os fins da democracia.