Equipe IMS

Paranoia sem mistificação – quatro perguntas sobre Roberto Piva

Equipe IMS

11.08.11

Iconoclasta e socialmente inadequado, o paulistano Roberto Piva marcou a poesia brasileira. Morto em 2010, aos 72 anos, deixou como legado, em livros como Paranóia e Coxas, uma literatura vibrante que é também retrato de uma época em São Paulo. Os Dentes da Memória - Piva, Willer, Franceschi, Bicelli e uma trajetória paulista de poesia, escrito pelas jornalistas Renata D'Elia e Camila Hungria, reconstrói a vida do poeta e dos seus companheiros de lida. Renata D'Elia respondeu a quatro perguntas do Blog do IMS sobre Piva.

A mão inteira da escrita

Armando Freitas Filho

06.06.11

Acabo de ver sua carta agora. Jantei, revi um filme de vampiro sueco excelente (Deixa ela entrar) e me sentei aqui, ainda com gosto de sangue na boca, e dei com ela em plena madrugada. O introito de cima acabou combinando com o que você fala sobre poesia. Concordo com tudo ou quase. A variação, mais do que discordância, se dá sobre a inspiração, mais modo de ser do que outra coisa. Sou assim com tudo.

O inferno são os outros

Armando Freitas Filho

30.05.11

O Brasil, às vezes desespera, não é mesmo? Há quanto tempo a gente vai acompanhando o nosso país! Como o nosso grande Vinicius de Moraes em "Pátria minha": "A minha pátria é como se não fosse, é íntima/ Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo/ É minha pátria"

Só vai sobrar a lua cheia

Maria Rita Kehl

25.05.11

Já escrevi contra o projeto do Aldo Rebelo quando tinha a coluna no Estadão. Todos sabemos o quanto o projeto é lamentável, quanto é cínica a alegada defesa dos pequenos proprietários - que só favorecerá os grandes - feita pelo deputado do PC do B. Ele sabe disso, também. Já reparou na expressão constrangida, envergonhada mesmo, que ele tem nas fotos e entrevistas na TV, desde que encampou a bandeira da devastação do que restou de verde no interior do Brasil?

A moça na máquina de escrever

Armando Freitas Filho

23.05.11

A fragilidade exposta, quando por escrito, fica exagerada. Afinal, tenho a minha "navalha na liga": o rancor que dura anos, companhia malsã, mas companhia, que, às vezes, acaba me cortando mais do que ao outro. Até porque o que pode ser mais íntimo que um inimigo bem plantado e cultivado? Como esquecê-lo?

Cartão-postal de sempre

Armando Freitas Filho

16.05.11

Mas esse texto, essa carta não vai só para você; o suporte dela chega a ser insuportável de tão grande. Imaginar que alguém possa estar me lendo no Polo Norte me dá, juro, uma aflição danada, uma agorafobia que não combina com meu modo de ser, com o que sei escrever, pois o poema moderno, só muito raramente é sinfônico, sua música é de câmara, ouvida geralmente, por audiências pequenas.

Casquete de lã – Por Armando Freitas Filho

Armando Freitas Filho

09.05.11

clique aqui para ver a carta anterior Pois é, Ri. Como escrever cartas agora? Tenho a impressão de que escrevi no último fim de semana todas as cartas possíveis, todas as cartas do mundo, só que conversadas. São cartas na fase oral. Quando você chega aqui em casa, sinto que, enfim, chegou em  casa. Depois... Continue reading

O Rio não para de chegar

Maria Rita Kehl

04.05.11

Engraçado te escrever uma carta dias depois de ter conversado tanto tanto com você e Cri, aí no Rio, do nosso jeito: na copa enquanto o molho apurava no fogão, a portas fechadas, depois passando para a sala de jantar, e a de "visitas" - estranho a permanência desse nome no espaço mais generoso da casa, mas não aceito chamá-lo de living - e ainda na calçada à espera do táxi,  perto do cocô do cachorro, até os 47 minutos do segundo tempo.

A preguiça do samba

Maria Rita Kehl

27.04.11

Acabo de ler a série de poemas sobre o corpo. Ainda bem que tenho um pouco de tempo (tempo...) de silêncio em mim depois da sua poesia e antes da próxima sessão. Conheço todos eles, dos respectivos livros. Mas o impacto de ler todos seguidos é grande.

Sem tempo de devaneio

Armando Freitas Filho

25.04.11

Se essa correspondência não fosse pública, eu diria: "rebarbativo Gullar", uma ova! E pronto. Resposta abrupta assim porque a amizade tão profunda e sentida, de mais de 30 anos, que temos um pelo outro sempre permitiu os "contrastes e confrontos", explicitamente declarados e debatidos, sem que isso a afetasse. Mas como escrevemos a céu aberto, ao ar livre como dois BBs no paredão virtual e eletrônico, com gente lendo por cima dos nossos ombros, devo uma declaração a essa galera anônima que bafeja nas nossas nucas: desde os meus 16 anos "pratico" Ferreira Gullar.