Alguns dias violentos

Em processo

09.10.17

Alguns Dias Violentos é o título do livro que estou terminando de aprontar.  Ando preocupado com a ideia de escrever textos cada vez mais consequentes, sem fugir ao plano da experiência imediata, que é onde me sinto mais à vontade. Penso que o fim do mundo é uma espécie de morada, que também ele tem a sua domesticidade, que também ele pode abrir-se para uma cena íntima. Ou então, que a nossa intimidade pode ser apresentada, dentre uma infinidade de coisas, como um mundo em vias de acabar. É este tipo de tensão que me interessa e que busco trabalhar.

 

Enrique Lihn em Manhattan

 

O móbil do crime talvez seja a clareza

Saber num abrir e fechar

De olhos que tambor tanger, que episódio desferir

Agora

O que depende disso

Esclarecer-se de um golpe o que está em jogo

A compreensão

Que não se detém para compreender

O patinhar pela gordura

Encerado, oleado

Os traços que podemos apanhar furtivamente de figuras

Apenas entrevistas

À saída do metrô

Enfiada de fantasmas migrados pelo fumo

E demorar-se

Embora não mais que o necessário,

Na qualidade própria do fumo migrador,

Sua proveniência. Aqui

Não é ali

Os poemas vêm dizendo

Vêm silabando

Com voz áspera, maçada, invariante

Abro-lhe minha voz

Cantamos a cica

A acidez, o indigesto

Cantamos as cáries destas crianças

Mal disfarçadas em nações

Projetos de nações

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