Esquerda, direita e outras vias – Marcos Nobre e Luiz Felipe Pondé

Vídeos

11.02.11

Neste segundo encontro da seção “Desentendimento”, os filósofos Marcos Nobre e Luiz Felipe Pondé debatem sobre os conceitos políticos de esquerda e direita. A mediação ficou a cargo do jornalista e diretor de redação da Folha de S.Paulo Otavio Frias Filho. A cada mês, o leitor encontrará no blog um debate em vídeo em que os convidados apresentam opiniões divergentes sobre um tema proposto pela revista serrote.

 

Bloco I

“A prática de esquerda diminuiu a liberdade individual”

Após a introdução de Otavio Frias Filho sobre a evolução histórica desses conceitos, cabe a cada filósofo avaliar sua pertinência e a validade. Luiz Felipe Pondé defende a ideia segundo a qual uma sociedade de direita é a que valoriza a liberdade individual, em que o governo não se lance a “dirigir gestos, palavras e visões de mundo”. Marcos Nobre, por sua vez, afirma que a prioridade da esquerda deve ser garantir a “autonomia dos indivíduos”. Em seguida, os dois tratam dos princípios que acreditam nortear a esquerda e a direita.

 

Bloco II

“O verdadeiro debate da esquerda é sobre qual é a natureza da democracia”

O segundo bloco começa pela discussão sobre o colapso da União Soviética e a natureza do pensamento de esquerda diante de crises, como a queda do Muro de Berlim. Para Marcos Nobre, existe uma dívida histórica para com os movimentos operários: “A história do século 20 é uma história de compatibilização de democracias de massa e capitalismo”. Pondé contesta Nobre em dois momentos: discorda da ideia segundo a qual o debate da esquerda é sobre a natureza da democracia – “Há também autores liberais que estão preocupados com a natureza da democracia” – e também refuta a afirmação de que “a União Soviética atrapalhou a história da esquerda”.

 

Bloco III

“Eu sempre tenho mais medo do Estado do que de uma empresa”

A existência ou não de uma hegemonia ideológica do pensamento de direita é o tema que abre o terceiro bloco. Para Pondé, mesmo que pareça que haja “uma convergência histórica tanto da esquerda histórica quanto da direita histórica para conservar a democracia”, predominaria hoje, na verdade, toda uma cultura de esquerda – no âmbitos das instituições que reproduzem o pensamento. Marcos Nobre, por sua vez, vê um equilíbrio de forças e princípios. E chama a atenção para o declínio do liberalismo econômico dos anos 90 (em razão da crise das bolsas entre 2007 e 2009) e da democracia americana exportada para o mundo (por culpa do governo belicoso de George W. Bush).

 

Bloco IV

“Questionar limites é que faz uma pessoa ser de esquerda”

No quarto bloco, destaca-se a relativização ou a defesa dos chamados valores pétreos e inquestionáveis. Marcos Nobre não vê limites no debate e na ação democráticos: “Vemos hoje um processo de desvitalização da democracia e das instituições, que estão se esclerosando”. Já tratando da pertinência de uma posição liberal-conservadora em um país com desigualdades como o Brasil, Pondé afirma que o liberalismo não nega o bem-estar econômico a quem necessita, nem se mostra arredio a mudanças.


 

Bloco V

“A alternativa como uma reforma ou revolução não faz mais sentido”

A última parte se inicia com a reflexão sobre como a esquerda pensa o mercado, se considera necessário implementar uma reforma ou apresentar uma alternativa. “A relações entre mercado e Estado, mercado e sociedade e Estado e sociedade são diferentes em cada lugar”, diz Marcos Nobre ao defender que o mercado não tem uma forma única e imodificável e deva ter uma “regulação democrática que tire dela elementos de distribuição de renda injustos”. Em seguida, discutem-se temas como bioética e natureza. Sobre este último, diz Pondé: “O pensamento de direita é relacionado com certo pessimismo com relação ao ser humano. (…) A esquerda é muito mais ingênua com relação ao ser humano”.

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