Todos fazem sua lista, também vou fazer a minha.
Um brevíssimo balanço de 2011 diria que o ano não foi dos piores, nem para o cinema estrangeiro, nem para o nacional.
Sopro renovador
Por aqui, o que houve de mais animador, a meu ver, foi o frescor de um punhado de filmes de novos realizadores, despidos, por um lado, dos ranços e vícios do cinema declaratório/explicativo (herança cinemanovista?) que nos marcou durante décadas e, por outro, do oportunismo dos “produtos” feitos sob medida para capturar de imediato as amplas plateias (de)formadas pelas telenovelas e pelos blockbusters americanos.
Alguns exemplos desse sopro renovador: Trabalhar cansa, Transeunte, O céu sobre os ombros, Riscado, A alegria, Bollywood dream.
A má notícia é que pouca gente viu esses filmes, pois nosso mercado exibidor está mais estrangulado do que nunca. A rotatividade é cruel: poucos títulos conseguem ficar mais do que duas semanas em exibição – isso quando conseguem chegar a uma sala.
Nesse contexto, em que duas ou três produções Globo Filmes vendem milhões de ingressos, enquanto a imensa maioria não passa dos 20 mil, o surgimento de um filme como O palhaço chega a ser alvissareiro. Realização independente, honesta e de qualidade, o segundo longa de Selton Mello já foi visto por mais de um milhão de brasileiros, num raro êxito simultâneo de público e de crítica.
E para deixar claro que não há aqui nenhum parti pris geracional (até porque, em termos etários, estou mais próximo da velha do que da nova geração), um dos filmes que mais me deram prazer este ano foi a comédia Todo mundo tem problemas sexuais, do veterano Domingos de Oliveira.
Não tão veterano, mas também não tão jovem, Cao Guimarães fez uma das obras mais belas, radicais e inclassificáveis da cinematografia brasileira recente, Ex-Isto, sua versão pessoal para o Catatau, de Paulo Leminski.
Estrangeiros
Entre os estrangeiros, grandes nomes compareceram com grandes filmes: Kiarostami (Cópia fiel), Lars von Trier (Melancolia), Almodóvar (A pele que habito), Jean-Pierre e Luc Dardenne (O garoto da bicicleta). A minha decepção, nesse setor, foi o inflado A árvore da vida, de Terrence Malick.
Os argentinos marcaram presença com o simpático Um conto chinês, de Sebastián Borensztein, sucesso de público no Brasil, e o intrigante O homem ao lado, de Gastón Duprat e Mariano Cohn.
Mas vamos às listas, sem ordem de classificação, que isto aqui não é concurso de miss.
Filmes brasileiros:
Trabalhar cansa, de Marco Dutra e Juliana Rojas
Transeunte, de Eryk Rocha
Ex-isto, de Cao Guimarães
O céu sobre os ombros, de Sérgio Borges
Riscado, de Gustavo Pizzi
Filmes estrangeiros:
Melancolia, de Lars von Trier
O garoto da bicicleta, de Jean-Pierre e Luc Dardenne
A pele que habito, de Pedro Almodóvar
Cópia fiel, de Abbas Kiarostami
O homem ao lado, de Gastón Duprat e Mariano Cohn
Agora é com vocês.
* Na imagem da home que ilustra este post: o ator João Miguel em cena de Ex-isto, de Cao Guimarães