José Geraldo Couto

A sina do menino infeliz

José Geraldo Couto

09.03.18

Torquato Neto – Todas as horas do fim chega aos cinemas com a história do artista multimídia avant la lettre (poeta, compositor, cronista, ator, cineasta) morto por suicídio em 1972 aos 28 anos. Não foi uma vida comum, não foi uma arte pequena. Vários lances da intensa e acidentada trajetória do piauiense passam em algum momento pela sombra ameaçadora da morte.

A crista da onda negra

José Geraldo Couto

02.03.18

Pantera negra é o primeiro (e possivelmente o último) filme de super-herói a ser comentado nesta coluna. A razão da discutível honra é simples: o filme de Ryan Coogler é desde já um marco na história de Hollywood e do cinema de entretenimento. Sobra também um espaço pequeno para falar de um artista imenso, Luchino Visconti.

Terra estrangeira

José Geraldo Couto

23.02.18

Os indicados à categoria “Filme em língua estrangeira” do Oscar permanecem mais tempo em cartaz do que o normal em nosso circuito voraz. Pode ser interessante observar em conjunto os dois representantes do leste europeu: o russo Sem amor, de Andrey Zvyagintsev, e o húngaro Corpo e alma, de Ildikó Enyedi. Ambos são dramas urbanos contemporâneos, centrados em afetos esquivos, abortados ou insuficientes entre personagens de classe média, sem grandes carências materiais.

O cinema contra a morte

José Geraldo Couto

16.02.18

Escapando do quase inevitável balcão de apostas dos “filmes do Oscar”, o crítico José Geraldo Couto dá atenção a uma obra singular de um diretor idem. Antes do fim, o mais recente longa-metragem do gaúcho criado e radicado em São Paulo Cristiano Burlan, faz com que a morte e a finitude debatida no dia a dia de um casal de idosos (Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet) oscilem entre a solenidade e a descontração, a tragédia e a ironia derrisória.

Jean-Luc Godard em 1960

O mundo em duas horas

José Geraldo Couto

09.02.18

Três anún­ci­os para um cri­me, de Mar­tin McDo­nagh, é uma impro­vá­vel mis­tu­ra de comé­dia cru­el de erros com pará­bo­la cris­tã de cul­pa e reden­ção, que oferece uma satisfação imediata e descartável. Acossado (foto)por sua vez, é toda uma outra conversa. Com quase seis décadas, o primeiro longa-metragem de Jean-Luc Godard, relançado agora nas telas brasileiras em cópia restaurada, mantém intactos encanto e frescor. É um dos três ou quatro filmes que qualquer pessoa civilizada precisa ver pelo menos uma vez na vida.

O diretor Guillermo del Toro

Monstros, moral e cívica

José Geraldo Couto

02.02.18

Os inevitáveis “filmes do Oscar” começam a se acumular. Falemos sobre dois deles, extremamente diferentes entre si: o fantasioso A forma da água, de Guillermo del Toro, e o “realista” The Post, de Steven Spielberg.

Irmã das coisas fugidias

José Geraldo Couto

26.01.18

O cinema, entre muitas outras coisas, é uma arte do encontro. A prova definitiva disso, se é que faltava uma, é o adorável documentário Visages villages, de Agnès Varda e JR, em cartaz no IMS Paulista e no IMS Rio. Não só pela parceria improvável de seus realizadores e protagonistas – uma cineasta de quase 90 anos e um fotógrafo e muralista de 34 –, mas também por seu tema e seu método de construção.

A pioneira Carmen Santos (1904-1952)

Mulheres do cinema, cinema das mulheres

José Geraldo Couto

19.01.18

Num cinema de história intermitente e espasmódica como o brasileiro, pontuado por surtos, interrupções e fracassos, e ainda por cima marcadamente masculino, várias gerações de mulheres podem ser vistas como pioneiras e desbravadoras. Nesse contexto, poucos eventos poderiam ser tão oportunos como a mostra Mulheres, câmeras e telas, da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, que inclui da pioneiríssima atriz, produtora e diretora Carmen Santos a jovens realizadoras de hoje, como Julia Murat e Juliana Rojas,  passando por Tata Amaral, Eliane Caffé, Laís Bodanzky, Anna Muylaert, Lina Chamie e outras.

Crônica contra as mortes anunciadas

José Geraldo Couto

08.01.18

Contra o costume desta época de férias, em que geralmente os blockbusters infanto-juvenis alijam do circuito exibidor os bons filmes para adultos, o ano começa muito bem para os cinéfilos brasileiros. Entre os filmes já em cartaz e outros que entram esta semana, as opções são muitas: The square, 120 batimentos por minuto, Roda gigante, O pacto de Adriana, O jovem Karl Marx...

A roda da fortuna

José Geraldo Couto

02.01.18

Há quem encare um novo filme de Woody Allen como uma espécie de evento anual inevitável, mais ou menos como a corrida de São Silvestre ou o especial de fim de ano de Roberto Carlos. Pode até ser. Mas, em contraste com a previsibilidade dos outros exemplos citados, cada novo trabalho do diretor nova-iorquino traz sempre alguma coisa a ser descoberta, algum matiz inexplorado anteriormente, uma maneira diferente de abordar os mesmos velhos temas. Como todo artista que encontrou há tempos a sua voz, ou a sua caligrafia, Allen é sempre igual a si mesmo, e sempre diferente.