Observado friamente, Drive não é mais do que a competente combinação de duas tradições bastante surradas do cinema hollywoodiano: a dos filmes de perseguição de carros e a da celebração do justiceiro individual. A primeira vertente garante a adrenalina demandada por uma sociedade que tem a volúpia do automóvel e da velocidade.
Drummond relançado – quatro perguntas a Leandro Sarmatz
O jornalista, escritor e poeta Leandro Sarmatz, autor de Uma fome e Logocausto, foi recentemente incumbido da tarefa de reeditar a obra de Drummond, que será relançada pela Companhia das Letras no dia 14 de março. Para celebrar a nova edição, foram programados diversos eventos e saraus em homenagem ao grande poeta mineiro. Leandro Sarmatz respondeu a quatro perguntas do Blog do IMS sobre Drummond e o trabalho de edição.
Os adivinhos sempre dizem a mesma coisa
Pouco depois da sua nossa última troca de cartas, subi o rio Mekong do sul do Vietnã até o Camboja. Quando finalmente desci em Phnom Penh, percebi pela primeira vez que, quando você fica horas viajando em barcos de diferentes tamanhos e finalmente atraca num porto, há uma espécie de enjôo retardado. Seu pés estão firmes no chão, mas a calçada vacila, os prédios parecem fora de prumo. A tontura chega em terra firme.
Porcos, ratos e Selton Mello
A comédia é o mais difícil dos gêneros. Uma piada ou faz rir ou provoca constrangimento. Não há meio-termo. Há quem morra de gargalhar com o grupo Monty Python, há quem não ache a menor graça. O mesmo vale para Jerry Lewis, Jim Carey, Woody Allen, Casseta & Planeta, Pedro Almodóvar, Cantinflas ou Mazzaroppi. A eficácia do humor depende, em grande parte, de referências culturais e, numa medida maior ainda, de fatores insondáveis, que têm a ver com o temperamento e o estado de espírito de cada indivíduo.
IMS lança estudo sobre a obra de Clarice Lispector
O Instituto Moreira Salles lança, no dia 8 de março, às 20h30, no IMS-RJ, o livro Clarice Lispector – Figuras da escrita, do crítico literário português e professor de literatura brasileira Carlos Mendes de Sousa. A publicação é uma reedição integral do texto com mesmo título publicado em Portugal em 2000. A edição do livro no Brasil faz parte de uma série de ações que há muito vêm se desenvolvendo no IMS em torno da obra de Clarice.
O fotógrafo e a máquina: workshop experimente uma câmera analógica!
A Livraria da Travessa, o Instituto Moreira Salles e a Lomography promovem neste domingo, dia 4/3, na Travessa Ipanema, uma manhã para falar de fotografia e partir para a prática (não é necessário inscrição prévia). Neste encontro, serão promovidos um bate-papo com o fotógrafo Julio Bittencourt e Sergio Burgi, coordenador de fotografia IMS, e um workshop (vagas esgotadas) com a marca de máquinas fotográficas Lomography.
Fim
No recente The Angel Esmeralda, que reúne os contos de Don DeLillo publicados entre 1979 e 2011, há uma história, de 2002, inspirada na série de quinze quadros em preto e branco que Gerhard Richter pintou sobre o chamado “Outono Alemão” — a escalada de atos terroristas que desencadeou, em 1977, uma crise sem precedentes na Alemanha do pós-guerra. A série intitula-se 18 de Outubro de 1977 e se refere à data na qual três membros da Facção do Exército Vermelho foram encontrados mortos em suas celas, na prisão de segurança máxima de Stammheim, em Stuttgart, onde cumpriam pena.
Linda como um neném
Que zica essa da tua febre, hein. Eu tenho pânico de ficar doente no exterior. Mesmo agora, com plano de saúde, morando num país onde as coisas supostamente funcionam, a ideia de precisar ir ao médico me aterroriza. Acho que isso tem origem na minha temporada na França, quando inventei de ir trabalhar numa vinícola durante as férias e o esforço físico foi tão grande (eram oito horas agachado por dia, cortando cachos de uva com um alicate) que acabei comprimindo um nervo e perdendo parte do movimento dos pés.
Sons inexistentes
Todo mundo que eu conheço gostou de O artista. O que torna tanto mais difícil e constrangedor explicar para todo mundo por que acho O artista um lixo. Tem a ver com o que eu chamo de falta de autoria, que é um argumento subjetivo e em grande parte duvidoso, eu concordo, porque também não é de toda autoria que eu gosto. Não gosto, por exemplo, dos filmes de Zhang Yimou, que têm um estilo tão imediatamente reconhecível quanto os livros do Paulo Coelho ou de Danielle Steel, à sua maneira. O artista não tem autoria. E isso tampouco quer dizer que ele seja mais ou menos comercial, mais ou menos holywoodiano.
Hugo Cabret e a máquina do mundo
A ideia da sociedade humana como engrenagem é introduzida logo no início de Hugo, quando a imagem do mecanismo do imenso relógio da estação de trem se funde com a tomada aérea das ruas de Paris, numa deslumbrante sequência de fantasia moderna que faz pensar em Tim Burton. O relógio, o autômato, os brinquedos da loja de Méliès, os trens, a estação, a cidade – tudo é engrenagem. O próprio Hugo fala a certa altura do receio de ser uma peça descartável na máquina do mundo e da esperança de que sua vida tenha um propósito.
