Chamar Pina de documentário seria reduzir mesquinhamente sua grandeza e seu alcance. É ensaio, poesia, declaração de amor, manifesto estético, político e moral. Uma obra de risco e entrega, como era de risco e entrega a arte de Pina Bausch.
Luiz Gonzaga dormiu lá em casa
Tetezinha me contou que numa tarde quente e igual a todas as outras, viu Luiz Gonzaga sentado debaixo do pé de juazeiro, na praça da cidade. No calor de 38 graus a que já era acostumado, mas nem por isso deixava de padecer, ele esperava, resignado, que a d. Lozinha, proprietária da única pensão da cidade, lavasse o quarto que ele deveria ocupar. Aquilo não era tratamento que se desse a um rei. A Tetezinha, que nunca intercedia em favor de alguém que não fosse um de nós, os filhos da madrinha, em parte seus também, voltou pra casa às pressas, encheu-se de coragem e pediu a meu pai que hospedasse o cantor.
Suspense gourmet
Hitchcock nos mostra que não é de hoje que as fronteiras entre o cinema e a televisão vêm se estreitando, ao ponto de quase perdermos de vista a divisão que os separa. Na série, é claro, os episódios são mais curtos, possuem uma duração de mais ou menos vinte e cinco minutos (em 1962, o programa seria rebatizado para “The Alfred Hitchcock Hour” e os episódios passariam a ter uma hora cada), as situações são mais simples, não há tanta experimentação técnica como, por exemplo, as sequências feitas em animação de Um corpo que cai, mas o impacto das tramas não deixa de ser o mesmo de alguns dos melhores exemplos de sua cinematografia.
O erotismo puro de Bororó
As duas canções-mestras de Bororó elevam o erotismo que desde cedo embalou a “sensibilidade e o sentimento musical do povo brasileiro” a um nível tão extremo de realização, que nele já não se acha qualquer vestígio de vulgaridade. E o curioso é que esse erotismo puro, decantado, seja alcançado não por uma recusa ou por um distanciamento dos elementos tradicionalmente tidos como vulgares (a carne, o sexo), mas pela exaltação livre destes mesmos elementos.
Nazareth 150 anos: contagem regressiva
Guardião do acervo de Ernesto Nazareth, um dos compositores mais importantes do Brasil, o Instituto Moreira Salles sai na frente das comemorações dos 150 anos do compositor e apresenta, na data de seu aniversário de 149 anos – 20 de março de 2012 – um recital no IMS-RJ, além de lançar o site www.ernestonazareth150anos.com.br.
Desvarios no metrô
Como todos os sistemas de transporte público do mundo, o metrô de Chicago tem personalidade própria, uma vida que independe da cidade que corre lá embaixo. Sim: embaixo. Por algum motivo que está além da minha escassa compreensão, a maioria das estações de metrô em Chicago é suspensa, uma ideia duvidosa se considerarmos que a cidade tem oito meses de frio por ano.
Fellini na veia
Como todo grande artista, Fellini supera dicotomias que pareceriam inconciliáveis: o provinciano e o universal, a tradição e a vanguarda, o sagrado e o profano, a razão e a intuição, a nostalgia do que já foi e o sonho do que ainda não é. Seu cinema é, paradoxalmente, multifacetado e sempre o mesmo.
Um escritor mais inteligente que o necessário
No meio da Segunda Guerra Mundial, com nenhum fim à vista, Musil se encontrava, interna e externamente, num beco sem saída. Por ironia do destino, o escritor da maior importância “em todo o dominio da língua alemã” morreu no maior isolamento, quase no esquecimento. Um dos entraves para um apreço mais amplo e popular era, sem dúvida, a inteligência aguda, precisa e às vezes cruamente lúcida de Musil.
Facetas de Fellini – quatro perguntas a José Carlos Avellar
O crítico e ensaísta José Carlos Avellar, autor de livros como O chão da palavra: cinema e literatura no Brasil (Rocco, 2007) e A ponte clandestina – teorias de cinema na América Latina (Editora 34, 1995), é um dos debatedores que discutirá a obra de Federico Fellini na mostra que ocorre no cinema do IMS-RJ, de 10 a 31 de março. Avellar respondeu a quatro perguntas do Blog do IMS acerca dos filmes do cineasta italiano.
Fellini, editor da Vogue
Enquanto o IMS-RJ exibe a exposição Tutto Fellini, com fotografias raras e documentos inéditos de Federico Fellini, além de uma mostra de filmes do cineasta italiano, o Blog do IMS preparou uma seleção de imagens da edição histórica da revista Vogue que contou com Fellini como editor convidado.
