A voz humana dos poemas

Eucanaã Ferraz apresenta o quinto programa da série A voz humana – “Poema cantado (ou quase)”, começando com uma homenagem a Stella Doufexis, que faleceu no último dia 15 de dezembro, aos 47 anos, e passando por Jean Cocteau, William Burroughs e Herberto Helder.

Carol, A grande aposta e a insanidade americana

Dois “filmes do Oscar”, ambos perfeitamente assistíveis, nenhum deles plenamente satisfatório, ao menos para mim: Carol, de Todd Haynes, e A grande aposta, de Adam McKay. 

O admirador de filmes anteriores de Todd Haynes podem ver em Carol uma rendição ao cinema mainstream. Em A grande aposta, as histórias pessoais de seus personagens soam como ganchos dramáticos artificiais e frágeis.

O tempo do luto é outro

Falar sobre o luto será sempre também falar sobre a vida que fica, continua, sobrevive, permanece. Se, como me disse um médico e amigo, é preciso passar pelo luto,  se é uma experiência inevitável, então é também inevitável aprender a falar sobre ele – assim como precisamos aprender a falar sobre a morte –, mas para isso me parece que devemos também falar sobre o tempo.

Vem aí em 2016

O ano de 2016 reserva ótimas surpresas para os frequentadores dos centros culturais do IMS. Conheça algumas das exposições que entrarão em cartaz nos próximos meses em cada cidade. Entre os destaques, Modernidades fotográficas, no Rio de Janeiro, e Do arquivo de um correspondente estrangeiro. Fotografias de Luciano Carneiro em São Paulo.

Scola, síntese do cinema italiano

O cinema de Ettore Scola (1931-2016) é o lugar em que se encontram três tradições muito fortes do cinema italiano: o neorrealismo, a comédia social de costumes e o cinema propriamente político, ou de “impegno civile”. Scola não chegou a criar um universo estético próprio, inconfundível, a exemplo de Antonioni ou Fellini. Como o americano Woody Allen e o brasileiro Jorge Furtado, ele faz parte da linhagem dos cineastas-roteiristas.

O som da rebeldia

Destaque da Rádio Batuta a partir desta segunda-feira, 25 de janeiro, a série O som da rebeldia é uma espécie de trilha sonora da contestação apresentada e comentada pelo jornalista Roberto Muggiati. A história começa com A Marselhesa na voz de Edith Piaf.

O romance da arte

Muito da arte contemporânea já vem com legendas. É uma arte retórica, redundante e ilustrativa, que dispensa a crítica. Em seu livro de ensaios sobre artes plásticas, Keeping an Eye Open, Julian Barnes escreve justamente sobre a dificuldade de escrever sobre arte. E, por isso, procura pinturas que também sejam romances e pintores que também sejam personagens. Escreve sobre um quadro como se resenhasse um romance (ou o redigisse).

Boi neon e o homem como animal sublime

Boi neon, de Gabriel Mascaro, premiado nos festivais de Veneza, Toronto, Hamburgo, Rio e Salvador, é muito mais do que outro filme pernambucano recente que busca conjugar tradição e modernidade. Camadas mais profundas o enriquecem e adensam, por trás de sua bela e fascinante superfície.

Maracanazo, as elipses e a morte

É em torno de elipses e de mortes que o jornalista Arthur Dapieve escreve os cinco contos de Maracanazo, em textos que vão do grotesco ao sofisticado numa velocidade que, à primeira lida, pode espantar. Inspirado por autores ingleses como Ian McEwan e o nipo-britânico Kazuo Ishiguro, Dapieve faz com as elipses aquilo que fazemos na vida: subentendemos a finitude pelo contexto, suprimindo cotidianamente elementos que poderiam tornar a morte uma evidência explícita.

A derrota da timidez

David Bowie morreu! O camaleão do rock, o homem que se reinventava a cada estação, que era capaz de sinalizar para onde o vento do show business soprava desde o início dos anos 1970 estava cansado e tinha se retirado a uma vida discreta. A origem de suas mutações e máscaras era, explicava, uma forma de vencer sua timidez.