O trabalho do tempo

Em dois belos momentos para o cinema nacional, a ficção Alguma coisa assim, de Mariana Bastos e Esmir Filho, e o documentário Vinte anos, de Alice de Andrade, costuram com engenhosidade as voltas que o tempo dá.

O poder da desobediência

Pode-se concordar ou não com alguns comentários e conclusões de Hannah Gadsby no stand-up Nanette. No entanto, o formato escolhido pela comediante é tanto o ponto de partida quanto a concretização de uma busca mais ampla por liberdade.

Bárbaros por todo lado

Posta em relevo na Copa do Mundo, em especial na campeã França, a questão dos imigrantes – legais ou clandestinos, recentes ou antigos – está no centro e nas bordas de três novos filmes: Uma casa à beira-mar, de Robert Guédiguian, O orgulho, de Yvan Attal, e Primavera em Casablanca, de Nabil Ayouch.

Era Hilda Hilst feminista?

A homenageada da Flip 2018 talvez tenha sido feminista antes de o feminismo se estabelecer como militância política, antes mesmo de o termo vir a designar essa ampla gama de reivindicações de direitos das mulheres sobre seus corpos, seus sexos, suas vidas.

O mar de Bergman

Há cem anos nascia na Suécia um dos grandes artistas do século XX, o cineasta, diretor de teatro e escritor Ingmar Bergman. Deixou uma obra imensa, e é impossível dimensionar sua influência. Para celebrar a data, nada melhor que ver seus filmes.

Vamos chamá-la de Maria

Li uma matéria impressionante sobre uma mulher do Centro-Oeste do Brasil, vítima de tráfico sexual para Portugal, e sob o impacto dessa história passei um carnaval e uma semana santa no computador, imaginando o entrelaçamento de duas narrativas: as experiências erótico-amorosas de uma mulher de classe média e as noites assustadoras da escravidão sexual dessa personagem que chamo de Maria e que poderia ser qualquer mulher.

As mulheres abrem caminho

Sobretudo nos últimos anos, uma forte reação feminina tem diminuído o predomínio esmagador de realizadores homens, e um sinal animador disso é o FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema. Cachorros, uma das estreias mais interessantes da semana, também é dirigida por uma mulher, a chilena Marcela Said.

Uma voz fina

No país do futebol, o esporte mais popular do mundo ainda parece ser considerado um território masculino. Julia Codo rememora sua vida de torcedora e destaca a participação feminina nas transmissões dos jogos da Copa do Mundo da Rússia.

Escravidão sem fim

Dois filmes em cartaz, um de ficção (O nó do diabo) e um documentário (Auto de resistência), investigam com brio e vigor a infâmia histórica da escravidão no Brasil e seu legado de segregação e violência nos dias de hoje. São obras complementares, entre as quais se percebe uma incômoda continuidade.

A diversidade do insulto

A eficiência de um insulto depende do contexto e da performance. Muito provavelmente, os insultos mais criativos se dissolveram logo depois de pronunciados: os melhores, além de perfurantes, são espontâneos. No entanto, ainda que muitas vezes preteridos no registro, alguns insultos memoráveis nos foram legados. Sua diversidade, portanto, se faz digna de exame.