Eduardo Simões / Acervo IMS

O escritor Carlos Heitor Cony

Eduardo Simões / Acervo IMS

O escritor Carlos Heitor Cony

Cony por inteiro

Literatura

06.01.18

Em 25 de outubro de 2001, Carlos Heitor Cony recebeu uma equipe do Instituto Moreira Salles para uma entrevista em seu escritório, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. A conversa, que começou pouco depois das 10h e se estendeu por nove horas, foi publicada na edição dos Cadernos de Literatura Brasileira dedicada ao autor, lançada no fim daquele ano. Em homenagem a Cony, morto no dia 5 de janeiro de 2018, aos 91 anos, o IMS coloca à disposição dos leitores, em formato digital, a íntegra do caderno, que traz ainda estudos sobre sua obra, depoimentos de amigos, trechos de livros, um ensaio visual e uma linha do tempo sobre sua carreira.

Na entrevista concedida a Antonio Fernando de Franceschi e Rinaldo Gama, Cony respondeu animadamente a mais de 100 perguntas formuladas em colaboração com Lygia Fagundes Telles, Frei Betto, Affonso Romano de Sant’Anna e Wilson Martins. Falou sobre o retorno à literatura depois das duas décadas de silêncio que se seguiram a Pilatos (1974), narrativa “completamente louca, inviável” que ele considerava sua obra-prima. Recordou a infância e a família, sobretudo o pai, inspiração para Quase memória (1995), romance com o qual quebrou o silêncio – e que se tornou seu livro mais popular.

Ao longo da conversa, discorreu sobre os principais temas que animaram sua obra, da religião à política, do jornalismo à arte e à filosofia. Então com 75 anos, definiu sua visão de mundo como o resultado de um conflito constante entre esperança e ceticismo: “O problema do homem é esse – a esperança. Pensem na frase mais radical da Divina Comédia. Deixar a esperança de lado para entrar no Inferno diz tudo. O Inferno não é um lugar de suplício, não tem fogo, não tem caldeirão. É apenas um mundo sem esperança. Se você perde a esperança, torna-se um residente do Inferno, com direito a green card. A esperança dá ao homem o dom de suportar o mundo”.

A edição dos Cadernos de Literatura Brasileira sobre Cony apresenta também depoimentos de seus amigos Luis Fernando Verissimo, Zuenir Ventura, Marcio Moreira Alves, Heloisa Seixas e Ruy Castro; ensaios de Antonio Hohlfeldt, Raquel Ilescas Bueno e Luiz Alberto Gómez de Sousa; trechos do romance A tarde de sua ausência, então inédito; uma linha do tempo e um ensaio visual do fotógrafo Eduardo Simões sobre o Rio de Cony.

, ,