Entre o artista e a obra

Semana passada estive em Bogotá, aquela cidade bonita e estranha a 2.600 metros de altura com sua população andina, fria e educada que pode converter-se a qualquer momento num agrupamento de caribenhos alucinados, a depender do horário e estado etílico. Fui para a Feira do Livro, mas, como sempre, o melhor episódio não se passa num auditório cheio de leitores que nunca leram o seu livro.

Cronenberg: a escrita e a carne

Todo o filme será um desdobramento desse embate: de um lado, as forças vivas e por vezes obscuras da carne; de outro, a busca pela compreensão e controle dessas forças pelo discurso lógico. Freud e Jung são as mentes em busca da resposta. Sabina é a pergunta. Claro que, a partir de certo momento, também ela busca o esclarecimento, mas seu corpo – incluindo o cérebro, órgão mais nobre – segue sendo o campo de batalha central desse drama terrível.

Bach, Pixinguinha e os enigmas musicais

“Procura que achas” é justamente o título de um choro de Pixinguinha, composto cerca de 200 anos depois da fuga-enigma de Bach, mas que se mantém na mesma linha de charada musical do compositor alemão. Só que no caso de Pixinguinha, o “enigma” consistia na descoberta, por parte dos acompanhadores de choro, dos difíceis caminhos de harmonia desta composição.

Assista ao show de Joyce Moreno em homenagem a Sidney Miller

O Instituto Moreira Salles realizou no dia 17 de abril um show em homenagem ao compositor Sidney Miller (1945-1980). Joyce Moreno, uma de suas melhores intérpretes, cantou todas as músicas do primeiro disco do artista gravado em 1967, entre elas “O circo” (eternizada por Nara Leão), “Pede passagem” e “Maria Joana”. O show contou com a participação especial do também cantor e violonista Alfredo Del-Penho. Assista ao vídeo que registra a performance dos dois músicos.

Escute a discografia completa de Ernesto Nazareth

O Brasil agora pode se orgulhar em dizer que Ernesto Nazareth é o primeiro compositor no mundo a ter sua discografia completa disponibilizada online. Lá vocês encontrarão as primeiras gravações em 78-RPM feitas na primeira década de século XX pela lendária Casa Edison, com bandas militares e alguns dos primeiros regionais de choro, passando por gravações do próprio Nazareth, a explosão que foi sua música em 1914 nos EUA e Paris, o período de transição na década de 1940 com influências americanas, os primeiros LPs antológicos na década de 1950 e muito mais.

Música do acaso

A aparente facilidade da escrita de Auster, sua fluidez, mascara e ao mesmo tempo convida ao mergulho nas camadas profundas, nos elementos que se repetem, para que a leitura seja sempre uma descoberta, como acontece com aquela criança que mostra seu trabalho para o pai.

Groupie meteorológica

O cotidiano do cara é de uma simplicidade extraordinária. Vestindo o mesmo casaco azul, todas as manhãs ele monta numa bicicleta e sai pela cidade atrás de fotos de anônimos, que reúne e publica numa seção do jornal. Por também fazer a coluna social, vive sendo alvo de convites e solicitações, além de ofertas infinitas de mimos e jabás. Ele não aceita nada. Depois de tirar as fotos, volta sozinho pra casa e vai jantar numa deli caindo aos pedaços.

Vampiros, zumbis e canibais

Pode ser que este primeiro ato de antropofagia brasileira transformado em espetáculo midiático (esqueça o Bispo Sardinha, que teria virado banquete dos Caetés na mesma região de Pernambuco, vejam só) anuncie a vinda de um novo monstro ao imaginário: o canibal brasileiro pode estar a caminho de ocupar o mesmo holofote que antes foi do vampiro europeu e agora está no zumbi norte-americano.

Réquiem pelo Cinema Novo

O juízo crítico mais implacável sobre o Cinema Novo que conheço eu ouvi anos atrás de Ivan Cardoso, por sua vez representante da segunda dentição “marginal”: “Eram advogados, jornalistas, sociólogos, que se serviam do cinema para fins políticos. Não eram cineastas, não amavam o cinema, mal sabiam segurar uma câmera”.

Claro que há exagero e rancor na declaração. O Cinema Novo produziu pelo menos um gênio (Glauber) e algumas obras-primas. Mas há uma boa parte de sua filmografia que me parece datada, ancorada num discurso populista, programático, verborrágico, não raro panfletário.

Show de lançamento do site Ernesto Nazareth 150 anos

No dia 20 de março de 2012, foram comemorados os 149 anos de Ernesto Nazareth com um show no Instituto Moreira Salles (RJ), que contou com a participação dos músicos Alexandre Dias (piano), Marcelo Bernardes (flauta), Marcílio Lopes (bandolim), Luciana Rabello (cavaquinho), Maurício Carrilho (violão) e Paulo Aragão (violão). A casa estava lotada e no programa foram tocadas 14 músicas, incluindo várias raridades muito especiais. Este show também foi o lançamento do presente site Ernesto Nazareth 150 anos, antecipando as comemorações do ano que vem.