O que não se pode ver

Ferrugem e As herdeiras: dois filmes de primeira linha, um brasileiro e o outro paraguaio. Um é habitado por adolescentes, o outro por idosas, mas no fundo ambas tratam da solidão e da dificuldade de entendimento num mundo cada vez mais inóspito, sobretudo nas pontas mais vulneráveis da vida humana, a juventude e a velhice.

Imaginário da fronteira

Pacaraima, San Diego, Sicília: a  política se faz também pela fronteira, ou apesar dela. Pessoas continuarão imigrando, num mundo em que as motivações do deslocamento são tão plurais que as categorias fixas de imigrantes e refugiados já fazem pouco sentido.

Corpos em resistência e aliança

Em seu novo livro, Judith Butler marca a importância da materialidade do corpo na discriminação entre corpos que importam e corpos que pesam. É uma forma de apontar como as demandas básicas do corpo estão no centro das mobilizações políticas.

Uma magia modesta

Contra vento e maré, quatro novos filmes – dois de ficção e dois documentários – comprovam a vitalidade e a pluralidade do cinema brasileiro atual.  De quebra, chega às livrarias uma obra fundamental com mais de mil páginas.

O corpo interminável

O livro surgiu de uma fotografia que vi em 2011. Ela me perseguiu por um tempo e, enquanto eu escrevia, começou a perseguir também os personagens, fazer parte da trama, se desdobrar em outras imagens e narrativas.

Dos seres imaginários

Há filmes que vemos “de fora”, como se fossem ilustrações de histórias que poderiam ser narradas verbalmente. E há filmes que se apresentam como objetos a ser apreendidos mais pelos sentidos do que propriamente pelo intelecto. Uma experiência sensorial desse tipo, próxima da imersão, é oferecida por Unicórnio, segundo longa-metragem do carioca Eduardo Nunes.

Molière, o corpo do figurino

Moliére, uma comédia musical, dirigida por Diego Fortes, é a primeira encenação no Brasil do texto da mexicana Sabina Berman. Na produção do grupo Teatro Promíscuo chama a atenção o figurino assinado por Karlla Girotto, corroborando o tom cômico que atravessa o espetáculo e evidenciando como as roupas não apenas representam nossas personalidades, mas participam ativamente da constituição do que somos.

O monstro escolhe o vinho

O animal cordial tem sido classificado como slasher movie, ou seja, um filme de violência explícita, sangue em profusão, corpos esquartejados. A qualificação é correta, grosso modo, mas não dá conta da força e do alcance do surpreendente longa-metragem de estreia de Gabriela Amaral Almeida.

Renascimento italiano

O cinema italiano já foi o melhor do mundo. Nas décadas de 1960 e 70, a Itália produzia filmes de primeira linha nos mais variados gêneros. Depois disso, devido a inúmeros fatores, veio um prolongado declínio, mas nos últimos anos notam-se alguns sinais de recuperação, e o cinema italiano volta a ser, no mínimo, relevante. E um panorama do estado atual desse ainda modesto renascimento é a mostra “8 ½ Festa do Cinema Italiano”, com onze longas-metragens recentes.