Natal em poesia: sinos, silêncio e solidão

Conhecido por ser o poeta da “palavra enxuta”, Manuel Bandeira derramava-se quando realmente gostava de um de seus pares. Entusiasmava-se, sobretudo, se o gosto viesse de uma descoberta feita por ele mesmo, como o cearense José Albano. E foi com fervor que escreveu sobre o poeta pernambucano Carlos Pena Filho, depois de ler o Livro geral, de que consta o “Poema de Natal”.

Salve 2015!

Nem lista de melhores, nem retrospectiva: salvar uma coisa qualquer de 2015 talvez seja a forma mais sensata e menos aborrecida de se despedir do ano sem correr riscos de elogio fácil ou culto ao sofrimento com tudo-isso-que-aí-está no noticiário. Aponte algo de bom, interessante, novo ou prazeroso que tenha te chamado atenção em 2015. Para usar um termo muito em voga nas ruas, ‘basta’! Respondem aqui a esta provocação menor – como pede o ano – alguns colaboradores e convidados do site do IMS. Pense nisso, também: deve haver alguma coisa boa que você gostaria de salvar em 2015.

A mãe universal de Nanni Moretti

Há artistas que partem de uma experiência confessional, mas a deslocam de modo a transcender o narcisismo e criar uma fabulação de maior alcance, generosa e universal. Nanni Moretti fez isso em vários filmes, como seu mais recente, o esplêndido Mia Madre. A força de Moretti vem de estar ao mesmo tempo dentro e fora do drama, vivendo-o e simultaneamente enxergando-o criticamente.

Só falta o cheiro

Todo bibliófilo é obcecado pelo cheiro dos livros, e daí veio meu fascínio por bibliotecas com coleções de livros antigos. Sim, há também a fruição estética do objeto, o prazer do conteúdo, a presença severa da aura histórica, mas o cheiro é fundamental. Eis que conheci a Biblioteca Digital Mundial, que é, pelo menos até agora, o ápice da experiência da bibliomania na internet. São quase 13 mil documentos perfeitamente organizados. Só falta o cheiro.

#primaveradasmulheres

Na #primaveradasmulheres, refloresceram as pautas políticas que já haviam animado outras ondas feministas do século 20, como a denúncia da violência sexual, o “meu corpo, minhas regras” e “o privado também é político”. A novidade é nos obrigar a pensar em novas formas de fazer política. Não se trata de criar hierarquias entre diferentes formas de luta, porque trata-se de uma filosofia política feminista que rejeita hierarquias.

Aceitar imagens – quatro perguntas a Michael Wesely

Na av. Paulista, aos poucos se delineia a estrutura do novo museu do IMS em São Paulo. Para registrar essa nova peça do cenário paulistano, o IMS fez uma parceria com o artista alemão Michael Wesely, conhecido pelas suas imagens em longa exposição que condensam vários anos em uma só fotografia. Wesely discute o uso de tecnologia digital, as dificuldades no posicionamento de câmeras e de como lidar com o imprevisível nesse tipo de trabalho.

O risco de sacralizar o museu dessacralizado

Dezembro trouxe o retorno dos painéis-cavaletes de vidro para a pinacoteca do Masp. Desde 1996, a radical proposta de Lina Bo Bardi tinha deixado o segundo andar do museu para habitar apaixonadamente o imaginário dos arquitetos. É preciso se perguntar agora o que o Masp quer ser. Sua pinacoteca deve ser um território de testes, de mudanças, de experimentações.

A família monstro de Pablo Trapero

Há quem diga que, depois revelar um talento vigoroso e original, o argentino Pablo Trapero enveredou por um certo sensacionalismo. Seu novo filme O clã talvez sirva para reforçar essa tese. Mas há outras maneiras de encarar a trajetória de Trapero. Uma delas seria a de ver sua filmografia como um work in progress sobre a violência que permeia as várias camadas da sociedade.

Um disco que não existiu

Quando, em 1959, João Gilberto lança Chega de saudade, a bossa nova inaugura-se como movimento. No mesmo ano e cidade era lançado outro disco de bossa nova que já punha em questão seus recursos e que, em termos de importância, não existiu. Trata-se de A música século XX de Jocy, da curitibana Jocy de Oliveira.