É impossível falar sobre o filme chileno Uma mulher fantástica, de Sebastián Lelio, sem dizer que a mulher do título não nasceu mulher, mas se tornou uma por força do seu desejo. O tema da “identidade sexual” é introduzido de modo sutil no filme, e parece ser um problema muito mais para os personagens à sua volta do que para a própria protagonista.
Lima Crispim, João Barreto
Enquanto o mercado recebe várias publicações sobre Lima Barreto, o primeiro livro a colocar o autor como protagonista segue fora de catálogo. Editado em 1922, História de João Crispim, um roman à clef, é uma preciosidade esquecida e abandonada da nossa literatura, que Wilson Martins chamou de “o único retrato verdadeiramente vivo de Lima Barreto”. Por que essa importante peça do quebra-cabeças Lima Barreto continua tão esquecida, mesmo no ano da volta triunfal do escritor?
A mulher que fala
Como nossos pais ganhou os principais prêmios no recente Festival de Gramado, foi premiado também no Festival de Cinema Brasileiro de Paris e empolgou boa parte da crítica. Trata-se, sem dúvida, de um filme digno e relevante, que merece ser visto e discutido pelo maior número possível de pessoas. Mas, por algum motivo, esse entusiasmo todo não me contagiou, e vou tentar explicar por quê.
Cursos e oficinas do IMS Paulista
Os cursos e oficinas oferecidos pelo IMS Paulista, que será aberto ao público no dia 20 de setembro, são oportunidades para ampliar o pensamento crítico sobre fotografia e experimentar seus diferentes processos e técnicas. Completam a programação rodas de conversa e cursos inspirados em exposições em cartaz ou que tangenciam as outras áreas de atuação do Instituto Moreira Salles – literatura, iconografia, música e cinema. Inscreva-se!
Ruas de Havana, cinemas do mundo
Em nosso quase monolítico circuito exibidor, a mera presença de um filme cubano é um fato a ser valorizado. Sobretudo quando se trata de um filme muito bom, como Últimos dias em Havana, de Fernando Pérez. Entra em cartaz também, dois anos depois de pronto, um documentário que é uma festa para os cinéfilos: Um filme de cinema, realizado por um dos maiores diretores de fotografia do país, Walter Carvalho.
Preocupações e outros poemas
Preocupações e outros poemas é o título provisório de um livro em que decidi reunir poemas inéditos e não tão inéditos sobre medos banais. Tenho abraçado o “confessional”, a primeira pessoa e as construções que tentaria evitar. Gosto de ler poesia que quase chega ao ridículo e acho que ainda não consegui fazer isso como poderia.
O trabalho e as noites
Entre um extremo e outro, Corpo elétrico, o longa-metragem de estreia de Marcelo Caetano, pode ser visto como um estudo poético do corpo, de suas constrições e sua pulsão de liberdade, num contexto muito específico: o de jovens trabalhadores na cidade de São Paulo. Em Malasartes e o duelo com a morte, de Paulo Morelli, a tentativa é retomar, numa narrativa atraente às novas gerações, um personagem clássico da tradição popular luso-brasileira, o pícaro caipira Malasartes.
O golpe dos sonhos
Todos os dias, alguém que tem os recursos necessários – não me refiro apenas a dinheiro, mas também escolaridade, passaporte, cidadania europeia etc – declara que vai embora do país. Pelo menos desde a década de 1980, esses surtos de migração pautam a classe alta desiludida. O afeto que marca a vida cotidiana brasileira – e de forma mais aguda, a fluminense – é a tristeza, o desânimo e, por que não dizer, o desamparo da falta de perspectivas, desejos e sonhos.
Atravessar a rua com o sinal fechado
Em Dois vivas ao anarquismo, ainda inédito em português, o sociólogo americano James C. Scott propõe a Lei de Scott da Calistenia Anarquista, que prega a importância de o indivíduo autônomo quebrar diariamente alguma lei que não faça sentido. Mas em sociedades como a brasileira, dominadas de cima a baixo pelo jeitinho, como isso funcionaria?
Aquária
A seção Primeira Vista publica mensalmente textos inéditos de ficção, escritos a partir de fotografias selecionadas no acervo do Instituto Moreira Salles. O autor escreve sem ter informação nenhuma sobre a imagem, contando apenas com o estímulo visual. Neste mês de agosto, Rosa Amanda Strausz foi convidada a escrever sobre uma foto de Hans Flieg.
