Todo leitor dedicado tem seus autores de estimação, aqueles que acompanha, que busca ler na íntegra. No meu caso, o italiano Roberto Calasso é, sem dúvida, um deles. Um dos principais atrativos de sua escrita é a capacidade que tem de fazer do leitor uma sorte de participante. Trabalhando a partir de lacunas e elipses, faz o leitor preencher os espaços vagos a partir do próprio repertório (como a antiga máxima que diz que a música se dá nos silêncios entre uma nota e outra).
Monstros, moral e cívica
Os inevitáveis “filmes do Oscar” começam a se acumular. Falemos sobre dois deles, extremamente diferentes entre si: o fantasioso A forma da água, de Guillermo del Toro, e o “realista” The Post, de Steven Spielberg.
Breaking Bad, dez anos
Dez anos depois da estreia, Breaking Bad, este conto shakespeariano moderno sobre a transformação de um homem comum em impiedoso chefão do crime, já estaria datado se fosse uma série qualquer, todavia permanece atual. Foi uma das séries mais inovadoras da história da TV, cada vez mais influente nas produções contemporâneas. Mas por quê?
“Evocação do Recife”, uma leitura
Para Elvia Bezerra, coordenadora de literatura do IMS, o privilégio de quem assiste à aula de Eucanaã Ferraz sobre o poema “Evocação do Recife”, de Manuel Bandeira, agora disponível em vídeo aqui no Blog, “é descobrir, e sentir, com ele, o quanto a geografia pessoal de Bandeira se universaliza e, por isso mesmo, nos comove”.
Irmã das coisas fugidias
O cinema, entre muitas outras coisas, é uma arte do encontro. A prova definitiva disso, se é que faltava uma, é o adorável documentário Visages villages, de Agnès Varda e JR, em cartaz no IMS Paulista e no IMS Rio. Não só pela parceria improvável de seus realizadores e protagonistas – uma cineasta de quase 90 anos e um fotógrafo e muralista de 34 –, mas também por seu tema e seu método de construção.
Poesia para bagunçar a cabeça
Poeta formado em matemática, cosmopolita radicado num vilarejo chileno, pensador anárquico que repudiava toda ideologia (inclusive o anarquismo), Nicanor Parra causava um misto de espanto e admiração a quem quer que tentasse decifrá-lo. Sua morte no último dia 23, com assombrosos 103 anos, encerra a aventura singular do inventor da “antipoesia”, menos um gênero literário do que uma postura de independência radical perante a literatura e a vida.
Mulheres do cinema, cinema das mulheres
Num cinema de história intermitente e espasmódica como o brasileiro, pontuado por surtos, interrupções e fracassos, e ainda por cima marcadamente masculino, várias gerações de mulheres podem ser vistas como pioneiras e desbravadoras. Nesse contexto, poucos eventos poderiam ser tão oportunos como a mostra Mulheres, câmeras e telas, da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, que inclui da pioneiríssima atriz, produtora e diretora Carmen Santos a jovens realizadoras de hoje, como Julia Murat e Juliana Rojas, passando por Tata Amaral, Eliane Caffé, Laís Bodanzky, Anna Muylaert, Lina Chamie e outras.
Rifle
Todo mês a seção Primeira vista traz textos de ficção inéditos, escritos a partir de fotografias selecionadas no acervo do Instituto Moreira Salles. O autor escreve sem ter informação nenhuma sobre a imagem, contando apenas com o estímulo visual. Neste mês de janeiro, Lucrecia Zappi foi convidada a escrever sobre uma foto de Madalena Schwartz, da série Transformistas (circa 1975).
Viva o feminismo agonístico
É uma imensa alegria ver feministas debatendo violência contra as mulheres, assédio sexual em ambientes profissionais e submissão de mulheres aos privilégios dos homens, como aconteceu na semana passada. Gostaria de ir além e abordar uma questão de método, argumentando que hoje os feminismos carregam, na política, uma dupla potência.
Macroplanejadores e microgerentes
Escrever às cegas, seguir um planejamento prévio ou se equilibrar entre esses dois extremos? Existe uma resposta certa, um caminho ideal para garantir o fluxo de produção? Martha Batalha aborda um dos maiores dilemas da escrita criativa.